sexta-feira, 8 de maio de 2009
Videocidades no Imagem e Pensamento
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Programação
Almas Passantes, um percurso com João do Rio e Charles Baudelaire | Ilana Feldman e Cléber Eduardo, 2008, 15'
Da janela do meu quarto | Cao Guimarães, 2004, 5'
Curra Urbana | Tiago Mata Machado,1998, 32’
São Paulo, Sinfonia e Cacofonia | Jean Claude Bernadet, 1995, 40’
Programa 2 | 87’
Em cima da terra, embaixo do céu | Walter Lima Júnior 1982, 40’
Notas flanantes | Clarissa Campolina, 2008, 47’
Programa 3 | 102’
Quando o passo vira dança | Paola Berenstein Jacques e Pedro Seiblitz, 2002, 6'
Em Trânsito | Henri Gervasieur, 2005, 96’
Programa 4 | 91’
Centros | Pedro Aspahan e Daniel Ribão, 2003, 40’
Tempos de Pedra | Júlia Aguiar, 2008, 51'
Programa 5 | 74’
Meio fio | Bruno Guanambis, 2002, 12’
Anuncie Aqui | Sem rosto, 2005, 22'
Pare, olhe, escute | Carlos Augusto e Zé, 2006, 13’
Casa de Cachorro | Thiago Villas Boas, 2001, 27’
ENTRADA FRANCA COM RETIRADA DE INGRESSOS MEIA HORA ANTES DA SESSÃO.
Mostra Cinemas, Cidades e Afetos

Ei queridos, se estiverem na cidade e quiserem ir ao cinema, olha uma boa pedida!
A mostra Cinemas, Cidades e Afetos, realizada pela Associação Filmes de Quintal, acontece no Cine Humberto Mauro de 2 a 8 de fevereiro, na programação do Verão Arte Contemporânea 2009. Com curadoria de Ana Carvalho e Milene Migliano, a mostra reúne filmes em que cada realizador estabelece uma relação particular, subjetiva e afetiva com as cidades registradas, instaurando questionamentos que podem ser compartilhados com os espectadores, provocando reflexões críticas sobre o que significa viver, se relacionar e participar da dinâmica urbanas hoje. O ponto de partida da mostra foram as exibições, nas últimas edições do forumdoc.bh - Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, de vários filmes documentários que abordam as cidades. A partir da percepção das relações particulares estabelecidas no encontro do registro e construção das narrativas nas/das cidades, foram compostos os cinco programas da mostra.
No Programa 1, a experiência dos realizadores e de seus personagens emerge em cada quadro nos filmes. Já no Programa 2, a cidade expandida para além dos centros urbanos se descortina sobre duas perspectivas. A mobilidade urbana costura o Programa 3, enquanto as relações nos centros de Belo Horizonte e Porto Alegre tomam conta do Programa 4. As relações entre mídia, informação e comunicação compõem o eixo central do Programa 5. O encontro com os filmes da mostra pode suscitar experiências nos espectadores, dentro da sala de cinema, e fora dela, ao voltar para a imersão na cidade, com outros ângulos despertados nos olhares e escutas para desvelá-la. Agradecemos a participação de todos os realizadores, e a colaboração de Silvana Olivieri e Rodolfo Fonseca, na mostra Cinemas, Cidades e Afetos.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Postagem dos artigos
Bom, primeiramente entrem no site (www.mediafire.com), e bem grande tem um link com "upload files to mediafire". Cliquem lá e depois em "i want to upload without an account". Vai aparecer o local para vocês procurar o arquivo. Clique nele e depois em "start upload", no canto direito, e em seguida em "upload in a new folder". Aí ele vai carregar, até aparecer upload complete. A página que vai ser compartilhada vai aparecer numa caixinha branca ("sharing URL"). Aí, vocês copiam o endereço e postem aqui. O meu, por exemplo, é o http://www.mediafire.com/?sharekey=41bbb5ce6d1698bd91b20cc0d07ba4d22c92f281c5e82387.
Pra fazer o download do documento, é só entrar no endereço, clicar no arquivo que a pessoa postou - o meu é "O Parkour", e depois em "click here to start download".
Espero que dê pra entender. Qualquer dúvida é só me perguntar...
Valeu, galera. Abraços!
Ana Cláudia Paschoal
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Uma boa notícia
Venho compartilhar uma boa notícia: o jornal de poesia e literatura de que eu faço parte, o A Parada, foi aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A gente já tinha conseguido o benefício em 2006 e agora vamos poder dar continuidade ao trabalho.
Quem quiser saber mais pode entrar no blog: a-parada.blogspot.com
Aproveitando a deixa:
Na última aula, quando fizemos uma avaliação da disciplina, tive de sair de sala e, quando voltei, já havia passado aquela parte de dizer quais foram nossas expectativas iniciais sobre a matéria e de fazer um balanço. Mesmo atrasada, gostaria de dizer que me matriculei na disciplina muito por causa desse projeto de que faço parte, o jornal A Parada. Queria tentar relacionar essa vivência que eu tenho, de produzir uma publicação de poesia, aberta a diversas linguagens, com o curso que estou fazendo (que muitas vezes cai naquele operacionismo de cada profissão - jornalismo, publicidade, etc). Nesse sentido, foi ótimo vocês, Daniela e Milene, terem trazido para a disciplina conteúdos que não fossem exclusivamente da comunicação, foi muito enriquecedor. E tentei (embora o tempo tenha sido feroz comigo), no artigo final, materializar essa relação.
Confesso que no início fiquei bastante ansiosa, enquanto líamos autores falando, por exemplo, sobre a interculturalidade no México. Queria trazer logo os estudos para mais perto, no sentido temporal e no espacial. Mas, ao longo da disciplina, consegui perceber esse movimento de aproximação, que culminou no final, com os seminários, que tratavam de assuntos bem contemporâneos, de práticas realizadas em São Paulo, no Rio e, para a minha alegria, em BH.
É isso, gente. Se animarem de levar esse blog a um próximo estágio (seja em revista, livro, o que for), podem contar comigo.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O Hibridismo no reggaeton
Vanessa Veiga
A relação entre processos comunicativos e práticas culturais urbanas foi o eixo condutor das discussões realizadas durante todo o semestre durante as aulas de Comunicação e Culturas Urbanas. Discussões que se aproximam do nosso cotidiano e que demonstraram e provaram que conceitos, teorias, fundamentos, enfim, um mundo acadêmico não está longe da vida prática – muito pelo contrário. De tal modo, era quase inevitável a insurgência de exemplos, casos, histórias que se ligavam imediatamente ao que observávamos nos textos e que fazia tudo se tornar ainda mais claro e brilhante. Foi assim quando nos lembramos da camisa do Che, ao falar da reapropriação a cultura, ao ato de devolver um prato emprestado por meio de “bolo de ovo”, para apreender a ligação entre cultura e sociedade, e ainda, a patrimonialização do queijo do Serro para entender a mediação da institucionalidade proposta por Martín-Barbero.
Da mesma forma esse texto – que é quase uma “reterritorialização” do artigo que desenvolvi para a disciplina – trata de um exemplo pensado para o conceito de hibridismo, proposto por Canclini. O texto pretende apresentar o estilo musical “reggaeton”, mostrando como suas peculiaridades que se relacionam ao conceito, e ainda, pensando também na discussão da diáspora cultural pensada por Stuart Hall.
Pois bem, e o que é o reggaeton? Para quem não conhece, esse estilo musical faz sucesso em países latino-americanos e em redutos latinos nos EUA. É um gênero recente, sendo que muitos afirmam que ele surgiu em 1992/93 em Porto Rico e no Panamá. E o reggaeton não é só um tipo de música. Como toda manifestação cultural, ele se apresenta dentro de um contexto complexo. Assim, para os fãs de reggaeton, há todo um modo de vestir, de falar, de comportar, de dançar. Ao assistir alguns videoclipes de artistas do reggaeton, perceber as características da composição desse estilo musical que se relacionam ao hibridismo será mais fácil.
Daddy Yankee – Gasolina Daddy Yankee – Rompe
Don Omar – pobre diabla Don Omar – Dile Mix de videoclipes de reggaeton
E o que é hibridismo?
Segundo Canclini, o hibridismo são “processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas” (1997, p.19).
A combinação de práticas culturais diferentes cria então essas novas possibilidades. Considerando o contexto urbano – ao qual pertence o reggaeton, como será explicado posteriormente - essas possibilidades se multiplicam, uma vez que os grandes centros oferecem o contato com a heterogeneidade, e a interação com tal diversidade que inevitavelmente afeta a construção de novas redes de valores e significados. Mas uma ressalva deve ser feita: esse movimento de apropriação, criação, reterritorialização deve ser entendido com cautela. A hibridação, se analisada somente para os aspectos de fusão, perde seu sentido. O olhar do observador não pode se restringir às superposições que são feitas, mas precisa considerar que essas relações fazem parte e também constroem relações de poder e questões de identidade. As perguntas por identidade, pela soberania nacional não desaparecem com o hibridismo, pelo contrário. Permanecem os conflitos e repensa-se a autonomia de cada cultura.
Para o caso da música – especialmente a latina-americana – o cuidado com o entendimento de hibridismo deve ser ainda maior. É preciso lembrar que existe toda a globalização, o interesse capitalista e o forte investimento / poder da indústria fonográfica atrás daquilo que poderia ser um hibridismo “espontâneo”.
“Inclino-me a chamar fusões a essas hibridações, já que esta palavra, usada preferencialmente em música, emblematiza o papel proeminente dos acordos entre industrias fonográficas transnacionais, o lugar de Miami como capital da cultura latino-americana’(Yudice, 1999) e a interação das Américas no consumo intercultural”(Canclini, 2003, p.32)
Stuart Hall ao discutir as relações culturais diásporicas acaba por contribuir às reflexões sobre o hibridismo. Após a própria experiência do autor em ser um jamaicano fora de sua terra de origem ele discute como as diferenças que entram em contato após a experiência da diáspora, do deslocamento. Para Hall,
“Na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas.” (Hall, 2003, p.27)
“(...) o que a experiência da diáspora causa a nossos modelos de identidade cultural? Como podemos conceber ou imaginar a identidade, a diferença e o pertencimento, após a diáspora? Já que ‘a identidade cultural’carrega consigo tantos de unidade essencial, unicidade primordial, indivisibilidade e mesmice, como devemos ‘pensar’as identidades inscritas nas relações de poder, construídas pela diferença, e disjuntura?” (Hall, 2003, p.28)
“Um termo que tem sido utilizado para caracterizar as culturas cada vez mais mistas e diásporicas dessas comunidades é ‘hibridismo’. Contudo, seu sentido tem sido comumente mal interpretado. Hibridismo não é uma referencia à composição racial mista de uma população. (...) O hibridismo não se refere a indivíduos híbridos, que podem ser contrastados com os ‘tradicionais’e ‘modernos’como sujeitos plenamente formados. Trata-se de um processo de tradução cultural, agonístico uma vez que nunca se completa, mas que permanece em sua indecibilidade.”(Hall, 2003, p.71)
De tal forma, percebemos em Hall que o conceito de hibridização, levando em conta o viés da diáspora sob o qual o autor trabalha, é pensado dentro da lógica cultural da tradução e que se torna proeminente em sociedades multiculturais.
E o exemplo?
Como falei no início nesse texto, acredito que o reggaeton pode ser uma forma concreta de se perceber o hibridismo. Ainda que considerando a ressalva feita por Canclini ao pensar o hibridação dentro da música latino-americana – e de fato, a indústria fonográfica é um fator de peso que deve ser levado em consideração – a origem e a apresentação desse estilo musical revela a fusão de culturas que produzem uma nova manifestação cultural. Ainda é possível perceber essa reterritorialização é afetada pela sociedade multicultural em que o gênero surgiu.
O reggaeton é uma combinação dos estilos “reggae” e “hip hop”, tendo ainda a importante influência “da salsa” e da “bomba”. As músicas são cantadas sobretudo em espanhol, tendo algumas inserções de palavras em inglês, combinação que é chamada de “spanglish”. Uma característica importante do reggaeton é a voz estridente dos cantores, característico da música caribenha. As vozes são distorcidas eletronicamente –os DJ’s são muito importante para o reggaeton por realizarem a mesclagem dos estilos musicais. Mais do que um tipo de música, o reggaeton carrega consigo símbolos de um tipo de vida. Na moda, os homens usam calças largas, baixas, camisas folgadas, o boné para trás e correntes/ cordões no pescoço. As roupas são de marca, com o logotipo grande. Eles também usam uniformes de times de futebol e de basquete americanos, além do uso de mochilas. Essa moda é a mesma do hip hop, em que se baseia o reggaeton. Para as mulheres, sandálias de salto alto, mini-saias, calças justas e blusas curtas. Nos videoclipes as temáticas abordadas são semelhantes ao do hip hop. Há exibição do poder material, como carros e casas de luxo, e ainda, mulheres sensuais e bonitas dançando. Os cantores de reggaeton normalmente cantam em grupo, ou ao menos, se apresentam nos videoclipes em bandos. O cenário pode variar entre o universo rico esbanjado pelo poder material, a vilas e regiões pobres de cidades latinas americanas. Quanto a dança, as músicas de reggaeton privilegiam movimentos ligados a danças latinas, a valorização do ‘rebolado’, e, ainda, a presença de passos de ‘street dance’, dança que ficou famosa pelo hip hop, que, no entanto, se originou na Jamaica.
De tal forma é possível apreender a superposição de diferentes manifestações culturais que resultam em uma composiçao nova, que é o reggaeton. Por vezes, chega a ser dificil identificar o que é originário do hip hop americano, o que é do reggae jamaicano, o que é comum a identidade latina-americana. Ao assitir os videoclipes e analisa-los essa dificuldade se mostra mais gritante, pois ainda que de alguma forma está fixado o signo de identificação do reggaeton como um ritmo caribenho, por outro lado, suas características norte-americanas são explicítas.
TEXTOS BASES:
* Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Néstor Canclini. Edusp. São Paulo:1997.
* Da Diáspora: identidades e Mediações Culturais. Stuart Hall. Editora UFMG. Belo Horizonte: 2003