Aí vão as intruções pra postar os artigos nos sites de hospedagem. Vou colocar aqui o do site www.mediafire.com. Há outros, como o www.rapidshare.com, ou o www.megaupload.com. Eles funcionam de forma parecida...
Bom, primeiramente entrem no site (www.mediafire.com), e bem grande tem um link com "upload files to mediafire". Cliquem lá e depois em "i want to upload without an account". Vai aparecer o local para vocês procurar o arquivo. Clique nele e depois em "start upload", no canto direito, e em seguida em "upload in a new folder". Aí ele vai carregar, até aparecer upload complete. A página que vai ser compartilhada vai aparecer numa caixinha branca ("sharing URL"). Aí, vocês copiam o endereço e postem aqui. O meu, por exemplo, é o http://www.mediafire.com/?sharekey=41bbb5ce6d1698bd91b20cc0d07ba4d22c92f281c5e82387.
Pra fazer o download do documento, é só entrar no endereço, clicar no arquivo que a pessoa postou - o meu é "O Parkour", e depois em "click here to start download".
Espero que dê pra entender. Qualquer dúvida é só me perguntar...
Valeu, galera. Abraços!
Ana Cláudia Paschoal
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Uma boa notícia
Olá, todo mundo!
Venho compartilhar uma boa notícia: o jornal de poesia e literatura de que eu faço parte, o A Parada, foi aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A gente já tinha conseguido o benefício em 2006 e agora vamos poder dar continuidade ao trabalho.
Quem quiser saber mais pode entrar no blog: a-parada.blogspot.com
Aproveitando a deixa:
Na última aula, quando fizemos uma avaliação da disciplina, tive de sair de sala e, quando voltei, já havia passado aquela parte de dizer quais foram nossas expectativas iniciais sobre a matéria e de fazer um balanço. Mesmo atrasada, gostaria de dizer que me matriculei na disciplina muito por causa desse projeto de que faço parte, o jornal A Parada. Queria tentar relacionar essa vivência que eu tenho, de produzir uma publicação de poesia, aberta a diversas linguagens, com o curso que estou fazendo (que muitas vezes cai naquele operacionismo de cada profissão - jornalismo, publicidade, etc). Nesse sentido, foi ótimo vocês, Daniela e Milene, terem trazido para a disciplina conteúdos que não fossem exclusivamente da comunicação, foi muito enriquecedor. E tentei (embora o tempo tenha sido feroz comigo), no artigo final, materializar essa relação.
Confesso que no início fiquei bastante ansiosa, enquanto líamos autores falando, por exemplo, sobre a interculturalidade no México. Queria trazer logo os estudos para mais perto, no sentido temporal e no espacial. Mas, ao longo da disciplina, consegui perceber esse movimento de aproximação, que culminou no final, com os seminários, que tratavam de assuntos bem contemporâneos, de práticas realizadas em São Paulo, no Rio e, para a minha alegria, em BH.
É isso, gente. Se animarem de levar esse blog a um próximo estágio (seja em revista, livro, o que for), podem contar comigo.
Venho compartilhar uma boa notícia: o jornal de poesia e literatura de que eu faço parte, o A Parada, foi aprovado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A gente já tinha conseguido o benefício em 2006 e agora vamos poder dar continuidade ao trabalho.
Quem quiser saber mais pode entrar no blog: a-parada.blogspot.com
Aproveitando a deixa:
Na última aula, quando fizemos uma avaliação da disciplina, tive de sair de sala e, quando voltei, já havia passado aquela parte de dizer quais foram nossas expectativas iniciais sobre a matéria e de fazer um balanço. Mesmo atrasada, gostaria de dizer que me matriculei na disciplina muito por causa desse projeto de que faço parte, o jornal A Parada. Queria tentar relacionar essa vivência que eu tenho, de produzir uma publicação de poesia, aberta a diversas linguagens, com o curso que estou fazendo (que muitas vezes cai naquele operacionismo de cada profissão - jornalismo, publicidade, etc). Nesse sentido, foi ótimo vocês, Daniela e Milene, terem trazido para a disciplina conteúdos que não fossem exclusivamente da comunicação, foi muito enriquecedor. E tentei (embora o tempo tenha sido feroz comigo), no artigo final, materializar essa relação.
Confesso que no início fiquei bastante ansiosa, enquanto líamos autores falando, por exemplo, sobre a interculturalidade no México. Queria trazer logo os estudos para mais perto, no sentido temporal e no espacial. Mas, ao longo da disciplina, consegui perceber esse movimento de aproximação, que culminou no final, com os seminários, que tratavam de assuntos bem contemporâneos, de práticas realizadas em São Paulo, no Rio e, para a minha alegria, em BH.
É isso, gente. Se animarem de levar esse blog a um próximo estágio (seja em revista, livro, o que for), podem contar comigo.
Valquíria.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O Hibridismo no reggaeton
Análise comentada sobre alguns pensamentos de Canclini e Hall
Vanessa Veiga
A relação entre processos comunicativos e práticas culturais urbanas foi o eixo condutor das discussões realizadas durante todo o semestre durante as aulas de Comunicação e Culturas Urbanas. Discussões que se aproximam do nosso cotidiano e que demonstraram e provaram que conceitos, teorias, fundamentos, enfim, um mundo acadêmico não está longe da vida prática – muito pelo contrário. De tal modo, era quase inevitável a insurgência de exemplos, casos, histórias que se ligavam imediatamente ao que observávamos nos textos e que fazia tudo se tornar ainda mais claro e brilhante. Foi assim quando nos lembramos da camisa do Che, ao falar da reapropriação a cultura, ao ato de devolver um prato emprestado por meio de “bolo de ovo”, para apreender a ligação entre cultura e sociedade, e ainda, a patrimonialização do queijo do Serro para entender a mediação da institucionalidade proposta por Martín-Barbero.
Da mesma forma esse texto – que é quase uma “reterritorialização” do artigo que desenvolvi para a disciplina – trata de um exemplo pensado para o conceito de hibridismo, proposto por Canclini. O texto pretende apresentar o estilo musical “reggaeton”, mostrando como suas peculiaridades que se relacionam ao conceito, e ainda, pensando também na discussão da diáspora cultural pensada por Stuart Hall.
Pois bem, e o que é o reggaeton? Para quem não conhece, esse estilo musical faz sucesso em países latino-americanos e em redutos latinos nos EUA. É um gênero recente, sendo que muitos afirmam que ele surgiu em 1992/93 em Porto Rico e no Panamá. E o reggaeton não é só um tipo de música. Como toda manifestação cultural, ele se apresenta dentro de um contexto complexo. Assim, para os fãs de reggaeton, há todo um modo de vestir, de falar, de comportar, de dançar. Ao assistir alguns videoclipes de artistas do reggaeton, perceber as características da composição desse estilo musical que se relacionam ao hibridismo será mais fácil.
Daddy Yankee – Gasolina Daddy Yankee – Rompe
Don Omar – pobre diabla Don Omar – Dile Mix de videoclipes de reggaeton
E o que é hibridismo?
Segundo Canclini, o hibridismo são “processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas” (1997, p.19).
A combinação de práticas culturais diferentes cria então essas novas possibilidades. Considerando o contexto urbano – ao qual pertence o reggaeton, como será explicado posteriormente - essas possibilidades se multiplicam, uma vez que os grandes centros oferecem o contato com a heterogeneidade, e a interação com tal diversidade que inevitavelmente afeta a construção de novas redes de valores e significados. Mas uma ressalva deve ser feita: esse movimento de apropriação, criação, reterritorialização deve ser entendido com cautela. A hibridação, se analisada somente para os aspectos de fusão, perde seu sentido. O olhar do observador não pode se restringir às superposições que são feitas, mas precisa considerar que essas relações fazem parte e também constroem relações de poder e questões de identidade. As perguntas por identidade, pela soberania nacional não desaparecem com o hibridismo, pelo contrário. Permanecem os conflitos e repensa-se a autonomia de cada cultura.
Para o caso da música – especialmente a latina-americana – o cuidado com o entendimento de hibridismo deve ser ainda maior. É preciso lembrar que existe toda a globalização, o interesse capitalista e o forte investimento / poder da indústria fonográfica atrás daquilo que poderia ser um hibridismo “espontâneo”.
“Inclino-me a chamar fusões a essas hibridações, já que esta palavra, usada preferencialmente em música, emblematiza o papel proeminente dos acordos entre industrias fonográficas transnacionais, o lugar de Miami como capital da cultura latino-americana’(Yudice, 1999) e a interação das Américas no consumo intercultural”(Canclini, 2003, p.32)
Stuart Hall ao discutir as relações culturais diásporicas acaba por contribuir às reflexões sobre o hibridismo. Após a própria experiência do autor em ser um jamaicano fora de sua terra de origem ele discute como as diferenças que entram em contato após a experiência da diáspora, do deslocamento. Para Hall,
“Na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas.” (Hall, 2003, p.27)
“(...) o que a experiência da diáspora causa a nossos modelos de identidade cultural? Como podemos conceber ou imaginar a identidade, a diferença e o pertencimento, após a diáspora? Já que ‘a identidade cultural’carrega consigo tantos de unidade essencial, unicidade primordial, indivisibilidade e mesmice, como devemos ‘pensar’as identidades inscritas nas relações de poder, construídas pela diferença, e disjuntura?” (Hall, 2003, p.28)
“Um termo que tem sido utilizado para caracterizar as culturas cada vez mais mistas e diásporicas dessas comunidades é ‘hibridismo’. Contudo, seu sentido tem sido comumente mal interpretado. Hibridismo não é uma referencia à composição racial mista de uma população. (...) O hibridismo não se refere a indivíduos híbridos, que podem ser contrastados com os ‘tradicionais’e ‘modernos’como sujeitos plenamente formados. Trata-se de um processo de tradução cultural, agonístico uma vez que nunca se completa, mas que permanece em sua indecibilidade.”(Hall, 2003, p.71)
De tal forma, percebemos em Hall que o conceito de hibridização, levando em conta o viés da diáspora sob o qual o autor trabalha, é pensado dentro da lógica cultural da tradução e que se torna proeminente em sociedades multiculturais.
E o exemplo?
Como falei no início nesse texto, acredito que o reggaeton pode ser uma forma concreta de se perceber o hibridismo. Ainda que considerando a ressalva feita por Canclini ao pensar o hibridação dentro da música latino-americana – e de fato, a indústria fonográfica é um fator de peso que deve ser levado em consideração – a origem e a apresentação desse estilo musical revela a fusão de culturas que produzem uma nova manifestação cultural. Ainda é possível perceber essa reterritorialização é afetada pela sociedade multicultural em que o gênero surgiu.
O reggaeton é uma combinação dos estilos “reggae” e “hip hop”, tendo ainda a importante influência “da salsa” e da “bomba”. As músicas são cantadas sobretudo em espanhol, tendo algumas inserções de palavras em inglês, combinação que é chamada de “spanglish”. Uma característica importante do reggaeton é a voz estridente dos cantores, característico da música caribenha. As vozes são distorcidas eletronicamente –os DJ’s são muito importante para o reggaeton por realizarem a mesclagem dos estilos musicais. Mais do que um tipo de música, o reggaeton carrega consigo símbolos de um tipo de vida. Na moda, os homens usam calças largas, baixas, camisas folgadas, o boné para trás e correntes/ cordões no pescoço. As roupas são de marca, com o logotipo grande. Eles também usam uniformes de times de futebol e de basquete americanos, além do uso de mochilas. Essa moda é a mesma do hip hop, em que se baseia o reggaeton. Para as mulheres, sandálias de salto alto, mini-saias, calças justas e blusas curtas. Nos videoclipes as temáticas abordadas são semelhantes ao do hip hop. Há exibição do poder material, como carros e casas de luxo, e ainda, mulheres sensuais e bonitas dançando. Os cantores de reggaeton normalmente cantam em grupo, ou ao menos, se apresentam nos videoclipes em bandos. O cenário pode variar entre o universo rico esbanjado pelo poder material, a vilas e regiões pobres de cidades latinas americanas. Quanto a dança, as músicas de reggaeton privilegiam movimentos ligados a danças latinas, a valorização do ‘rebolado’, e, ainda, a presença de passos de ‘street dance’, dança que ficou famosa pelo hip hop, que, no entanto, se originou na Jamaica.
De tal forma é possível apreender a superposição de diferentes manifestações culturais que resultam em uma composiçao nova, que é o reggaeton. Por vezes, chega a ser dificil identificar o que é originário do hip hop americano, o que é do reggae jamaicano, o que é comum a identidade latina-americana. Ao assitir os videoclipes e analisa-los essa dificuldade se mostra mais gritante, pois ainda que de alguma forma está fixado o signo de identificação do reggaeton como um ritmo caribenho, por outro lado, suas características norte-americanas são explicítas.
TEXTOS BASES:
* Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Néstor Canclini. Edusp. São Paulo:1997.
* Da Diáspora: identidades e Mediações Culturais. Stuart Hall. Editora UFMG. Belo Horizonte: 2003
Vanessa Veiga
A relação entre processos comunicativos e práticas culturais urbanas foi o eixo condutor das discussões realizadas durante todo o semestre durante as aulas de Comunicação e Culturas Urbanas. Discussões que se aproximam do nosso cotidiano e que demonstraram e provaram que conceitos, teorias, fundamentos, enfim, um mundo acadêmico não está longe da vida prática – muito pelo contrário. De tal modo, era quase inevitável a insurgência de exemplos, casos, histórias que se ligavam imediatamente ao que observávamos nos textos e que fazia tudo se tornar ainda mais claro e brilhante. Foi assim quando nos lembramos da camisa do Che, ao falar da reapropriação a cultura, ao ato de devolver um prato emprestado por meio de “bolo de ovo”, para apreender a ligação entre cultura e sociedade, e ainda, a patrimonialização do queijo do Serro para entender a mediação da institucionalidade proposta por Martín-Barbero.
Da mesma forma esse texto – que é quase uma “reterritorialização” do artigo que desenvolvi para a disciplina – trata de um exemplo pensado para o conceito de hibridismo, proposto por Canclini. O texto pretende apresentar o estilo musical “reggaeton”, mostrando como suas peculiaridades que se relacionam ao conceito, e ainda, pensando também na discussão da diáspora cultural pensada por Stuart Hall.
Pois bem, e o que é o reggaeton? Para quem não conhece, esse estilo musical faz sucesso em países latino-americanos e em redutos latinos nos EUA. É um gênero recente, sendo que muitos afirmam que ele surgiu em 1992/93 em Porto Rico e no Panamá. E o reggaeton não é só um tipo de música. Como toda manifestação cultural, ele se apresenta dentro de um contexto complexo. Assim, para os fãs de reggaeton, há todo um modo de vestir, de falar, de comportar, de dançar. Ao assistir alguns videoclipes de artistas do reggaeton, perceber as características da composição desse estilo musical que se relacionam ao hibridismo será mais fácil.
Daddy Yankee – Gasolina Daddy Yankee – Rompe
Don Omar – pobre diabla Don Omar – Dile Mix de videoclipes de reggaeton
E o que é hibridismo?
Segundo Canclini, o hibridismo são “processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas” (1997, p.19).
A combinação de práticas culturais diferentes cria então essas novas possibilidades. Considerando o contexto urbano – ao qual pertence o reggaeton, como será explicado posteriormente - essas possibilidades se multiplicam, uma vez que os grandes centros oferecem o contato com a heterogeneidade, e a interação com tal diversidade que inevitavelmente afeta a construção de novas redes de valores e significados. Mas uma ressalva deve ser feita: esse movimento de apropriação, criação, reterritorialização deve ser entendido com cautela. A hibridação, se analisada somente para os aspectos de fusão, perde seu sentido. O olhar do observador não pode se restringir às superposições que são feitas, mas precisa considerar que essas relações fazem parte e também constroem relações de poder e questões de identidade. As perguntas por identidade, pela soberania nacional não desaparecem com o hibridismo, pelo contrário. Permanecem os conflitos e repensa-se a autonomia de cada cultura.
Para o caso da música – especialmente a latina-americana – o cuidado com o entendimento de hibridismo deve ser ainda maior. É preciso lembrar que existe toda a globalização, o interesse capitalista e o forte investimento / poder da indústria fonográfica atrás daquilo que poderia ser um hibridismo “espontâneo”.
“Inclino-me a chamar fusões a essas hibridações, já que esta palavra, usada preferencialmente em música, emblematiza o papel proeminente dos acordos entre industrias fonográficas transnacionais, o lugar de Miami como capital da cultura latino-americana’(Yudice, 1999) e a interação das Américas no consumo intercultural”(Canclini, 2003, p.32)
Stuart Hall ao discutir as relações culturais diásporicas acaba por contribuir às reflexões sobre o hibridismo. Após a própria experiência do autor em ser um jamaicano fora de sua terra de origem ele discute como as diferenças que entram em contato após a experiência da diáspora, do deslocamento. Para Hall,
“Na situação da diáspora, as identidades se tornam múltiplas.” (Hall, 2003, p.27)
“(...) o que a experiência da diáspora causa a nossos modelos de identidade cultural? Como podemos conceber ou imaginar a identidade, a diferença e o pertencimento, após a diáspora? Já que ‘a identidade cultural’carrega consigo tantos de unidade essencial, unicidade primordial, indivisibilidade e mesmice, como devemos ‘pensar’as identidades inscritas nas relações de poder, construídas pela diferença, e disjuntura?” (Hall, 2003, p.28)
“Um termo que tem sido utilizado para caracterizar as culturas cada vez mais mistas e diásporicas dessas comunidades é ‘hibridismo’. Contudo, seu sentido tem sido comumente mal interpretado. Hibridismo não é uma referencia à composição racial mista de uma população. (...) O hibridismo não se refere a indivíduos híbridos, que podem ser contrastados com os ‘tradicionais’e ‘modernos’como sujeitos plenamente formados. Trata-se de um processo de tradução cultural, agonístico uma vez que nunca se completa, mas que permanece em sua indecibilidade.”(Hall, 2003, p.71)
De tal forma, percebemos em Hall que o conceito de hibridização, levando em conta o viés da diáspora sob o qual o autor trabalha, é pensado dentro da lógica cultural da tradução e que se torna proeminente em sociedades multiculturais.
E o exemplo?
Como falei no início nesse texto, acredito que o reggaeton pode ser uma forma concreta de se perceber o hibridismo. Ainda que considerando a ressalva feita por Canclini ao pensar o hibridação dentro da música latino-americana – e de fato, a indústria fonográfica é um fator de peso que deve ser levado em consideração – a origem e a apresentação desse estilo musical revela a fusão de culturas que produzem uma nova manifestação cultural. Ainda é possível perceber essa reterritorialização é afetada pela sociedade multicultural em que o gênero surgiu.
O reggaeton é uma combinação dos estilos “reggae” e “hip hop”, tendo ainda a importante influência “da salsa” e da “bomba”. As músicas são cantadas sobretudo em espanhol, tendo algumas inserções de palavras em inglês, combinação que é chamada de “spanglish”. Uma característica importante do reggaeton é a voz estridente dos cantores, característico da música caribenha. As vozes são distorcidas eletronicamente –os DJ’s são muito importante para o reggaeton por realizarem a mesclagem dos estilos musicais. Mais do que um tipo de música, o reggaeton carrega consigo símbolos de um tipo de vida. Na moda, os homens usam calças largas, baixas, camisas folgadas, o boné para trás e correntes/ cordões no pescoço. As roupas são de marca, com o logotipo grande. Eles também usam uniformes de times de futebol e de basquete americanos, além do uso de mochilas. Essa moda é a mesma do hip hop, em que se baseia o reggaeton. Para as mulheres, sandálias de salto alto, mini-saias, calças justas e blusas curtas. Nos videoclipes as temáticas abordadas são semelhantes ao do hip hop. Há exibição do poder material, como carros e casas de luxo, e ainda, mulheres sensuais e bonitas dançando. Os cantores de reggaeton normalmente cantam em grupo, ou ao menos, se apresentam nos videoclipes em bandos. O cenário pode variar entre o universo rico esbanjado pelo poder material, a vilas e regiões pobres de cidades latinas americanas. Quanto a dança, as músicas de reggaeton privilegiam movimentos ligados a danças latinas, a valorização do ‘rebolado’, e, ainda, a presença de passos de ‘street dance’, dança que ficou famosa pelo hip hop, que, no entanto, se originou na Jamaica.
De tal forma é possível apreender a superposição de diferentes manifestações culturais que resultam em uma composiçao nova, que é o reggaeton. Por vezes, chega a ser dificil identificar o que é originário do hip hop americano, o que é do reggae jamaicano, o que é comum a identidade latina-americana. Ao assitir os videoclipes e analisa-los essa dificuldade se mostra mais gritante, pois ainda que de alguma forma está fixado o signo de identificação do reggaeton como um ritmo caribenho, por outro lado, suas características norte-americanas são explicítas.
TEXTOS BASES:
* Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Néstor Canclini. Edusp. São Paulo:1997.
* Da Diáspora: identidades e Mediações Culturais. Stuart Hall. Editora UFMG. Belo Horizonte: 2003
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Olhe por onde você anda
Uma cartografia das calçadas do centro de BH no dia 2 de outubro
Vanessa Veiga
No dia 2 de outubro todos os alunos da disciplina Comunicação e Culturas Urbanas se reuniram para realizar a deriva no hipercentro de Belo Horizonte. Ainda que a data esteja bem marcada no calendário, a atividade da deriva começou bem antes disso. Desde os textos que discutimos na aula, a confecção do trajeto, ao caminho do ônibus que se dirigia para a Praça Sete, ponto onde marcamos de nos encontrar.
Quando começamos o trajeto, muitos não tinham pensado no que observar durante o caminho. Eu tentei me precaver e no ônibus fui articulando hipóteses do que poderia encontrar na deriva. À princípio pensei em observar duas coisas: a situação dos prédios no hipercentro ou então o comportamento dos transeuntes. Tudo caiu por água abaixo, ou melhor, calçada abaixo. A explicação é fácil. Tenho uma relação muito complicada com o centro de BH. Mesmo sendo Belorizontina, não acho o centro “lá grandes coisas”, ao contrário da minha irmã que idolatra o lugar e é incapaz de se perder nele. Eu, por outro lado, mesmo vivendo há 20 anos nessa cidade e sempre indo ao centro (onde se encontra os principais serviços públicos que precisamos, como hospitais) posso me perder assim que desço no ponto de ônibus. Desde pequena alimento um imaginário de que o centro é um lugar cheio de pessoas, de pessoas estranhas, cheio de tumulto, de barulho, de sujeira. Destaque para a sujeira. Durante a deriva meus sentidos se perderam na imensidão e na confusão do centro e de repente me encontrei no lugar de sempre: observando a sujeira das calçadas. Um misto da imagem de minha infância com o jeito manuelística* de ser que não me deixa.
Pois bem, e qual era o cenário do centro no dia 2 de outubro? A rotina era de uma quinta-feira comum, mas faltavam apenas 3 dias para as eleições municipais. Algumas obras eram realizadas em passeios na avenida Afonso Pena com a rua Tupinambás.
O MAPA DAS CALÇADAS
De onde saímos, a Praça Sete, o lugar era inexplicavelmente limpo (a praça é um dos pontos mais movimentados de toda a cidade. O fluxo de carros e pessoas é grande, assim como a quantidade de estabelecimentos comerciais). Demonstração do tanto que a revitalização do lugar é forte. Descemos em direção a rua Tupinambás, passamos em um trecho com obras no passeio. A poeira era inevitável. Ao entrar na rua Tupinambás, as sombras das árvores montavam um cenário mais calmo. Eu que esperava encontrar muitos “santinhos” de vereadores nos chãos, dei de cara com um lugar limpo, calmo, ainda que cheio de comércios antigos, bem no centro de BH. Continuamos caminhando e chegamos às proximidades da rodoviária. Gradativamente, a sujeira vai aumentando nas calçadas. Na rua Guarani, o piso está mal feito, quebrado e atrapalha a caminhada. Na praça da rodoviária, há um fedor, escorre-se água (ou esgoto) em alguns pontos das ruas. Indo pela avenida dos Andradas, em direção ao portão de saída dos ônibus da rodoviária, a sujeira diminui. Nessa avenida há menos fluxo de pessoas, enquanto os automóveis andam em uma velocidade mais rápida e não podem estacionar no entorno da avenida. Deixamos a Andradas e viramos para a rua Oiapoque. A rua do mais famoso shopping popular de Belo Horizonte é suja e tem uma aparência marginalizada. Essa aparência mais carente de cores, de cuidado, com um tom mais de periferia e lugar de um parte da população que é excluída socialmente se repete na rua Guaicurus. O piso da rua é todo atrapalhado. Alguns momentos ele está inteiro, outros, totalmente quebrado. Há muitas motos estacionadas e cachorros dormindo na rua. Deixamos a rua Guaicurus e nos aproximamos do fim do nosso trajeto. A rua Rio de Janeiro é a que mais se destaca, aos meus olhos, em relação a sujeira. Enquanto o piso da rua está ótimo – devido as obras de revitalização – a imundice está presente lá. Finalmente me sinto em época de eleição e vejo milhares e milhares de santinhos de candidatos a vereador ou a prefeito espalhados no chão. Quando nos aproximamos do encontro da Rio de Janeiro com a Afonso Pena, o trecho só permite a passagem de pedestres, e é aí que se acentua a papelada no chão.
Esta é uma pequena cartografia do chão do centro de BH. É interessante perceber como que, à medida que nos aproximamos de lugares tratados socialmente como marginalizados – como a rodoviária e as ruas Oiapoque e Guaicurus – há uma sensação maior de que o extremo cuidado com a limpeza foi deixado um pouco de lado. Lá em cima, próximo a avenida Afonso Pena, um dos lugares de maior fluxo é bem mais limpo, como se a cada segundo um gari passasse para limpar. Isso só vai contra a regra, na rua Rio de Janeiro. O lugar se destaca por ser um espaço de sociabilidade, em que as pessoas podem sentar e conversar, sem se preocupar com os veículos, já que o encontro da Rio de Janeiro com a Afonso Pena é fechada para pedestres. Talvez esse seja um fator que aumente a produção de lixo, pois em lugares mais desertos, como a avenida dos Andradas, há quase nenhum papel no chão.
(*)Forma comum de se chamar membros e ex-membros do Projeto Manuelzão da UFMG no curso de comunicação.
Vanessa Veiga
No dia 2 de outubro todos os alunos da disciplina Comunicação e Culturas Urbanas se reuniram para realizar a deriva no hipercentro de Belo Horizonte. Ainda que a data esteja bem marcada no calendário, a atividade da deriva começou bem antes disso. Desde os textos que discutimos na aula, a confecção do trajeto, ao caminho do ônibus que se dirigia para a Praça Sete, ponto onde marcamos de nos encontrar.
Quando começamos o trajeto, muitos não tinham pensado no que observar durante o caminho. Eu tentei me precaver e no ônibus fui articulando hipóteses do que poderia encontrar na deriva. À princípio pensei em observar duas coisas: a situação dos prédios no hipercentro ou então o comportamento dos transeuntes. Tudo caiu por água abaixo, ou melhor, calçada abaixo. A explicação é fácil. Tenho uma relação muito complicada com o centro de BH. Mesmo sendo Belorizontina, não acho o centro “lá grandes coisas”, ao contrário da minha irmã que idolatra o lugar e é incapaz de se perder nele. Eu, por outro lado, mesmo vivendo há 20 anos nessa cidade e sempre indo ao centro (onde se encontra os principais serviços públicos que precisamos, como hospitais) posso me perder assim que desço no ponto de ônibus. Desde pequena alimento um imaginário de que o centro é um lugar cheio de pessoas, de pessoas estranhas, cheio de tumulto, de barulho, de sujeira. Destaque para a sujeira. Durante a deriva meus sentidos se perderam na imensidão e na confusão do centro e de repente me encontrei no lugar de sempre: observando a sujeira das calçadas. Um misto da imagem de minha infância com o jeito manuelística* de ser que não me deixa.
Pois bem, e qual era o cenário do centro no dia 2 de outubro? A rotina era de uma quinta-feira comum, mas faltavam apenas 3 dias para as eleições municipais. Algumas obras eram realizadas em passeios na avenida Afonso Pena com a rua Tupinambás.
O MAPA DAS CALÇADAS
De onde saímos, a Praça Sete, o lugar era inexplicavelmente limpo (a praça é um dos pontos mais movimentados de toda a cidade. O fluxo de carros e pessoas é grande, assim como a quantidade de estabelecimentos comerciais). Demonstração do tanto que a revitalização do lugar é forte. Descemos em direção a rua Tupinambás, passamos em um trecho com obras no passeio. A poeira era inevitável. Ao entrar na rua Tupinambás, as sombras das árvores montavam um cenário mais calmo. Eu que esperava encontrar muitos “santinhos” de vereadores nos chãos, dei de cara com um lugar limpo, calmo, ainda que cheio de comércios antigos, bem no centro de BH. Continuamos caminhando e chegamos às proximidades da rodoviária. Gradativamente, a sujeira vai aumentando nas calçadas. Na rua Guarani, o piso está mal feito, quebrado e atrapalha a caminhada. Na praça da rodoviária, há um fedor, escorre-se água (ou esgoto) em alguns pontos das ruas. Indo pela avenida dos Andradas, em direção ao portão de saída dos ônibus da rodoviária, a sujeira diminui. Nessa avenida há menos fluxo de pessoas, enquanto os automóveis andam em uma velocidade mais rápida e não podem estacionar no entorno da avenida. Deixamos a Andradas e viramos para a rua Oiapoque. A rua do mais famoso shopping popular de Belo Horizonte é suja e tem uma aparência marginalizada. Essa aparência mais carente de cores, de cuidado, com um tom mais de periferia e lugar de um parte da população que é excluída socialmente se repete na rua Guaicurus. O piso da rua é todo atrapalhado. Alguns momentos ele está inteiro, outros, totalmente quebrado. Há muitas motos estacionadas e cachorros dormindo na rua. Deixamos a rua Guaicurus e nos aproximamos do fim do nosso trajeto. A rua Rio de Janeiro é a que mais se destaca, aos meus olhos, em relação a sujeira. Enquanto o piso da rua está ótimo – devido as obras de revitalização – a imundice está presente lá. Finalmente me sinto em época de eleição e vejo milhares e milhares de santinhos de candidatos a vereador ou a prefeito espalhados no chão. Quando nos aproximamos do encontro da Rio de Janeiro com a Afonso Pena, o trecho só permite a passagem de pedestres, e é aí que se acentua a papelada no chão.
Esta é uma pequena cartografia do chão do centro de BH. É interessante perceber como que, à medida que nos aproximamos de lugares tratados socialmente como marginalizados – como a rodoviária e as ruas Oiapoque e Guaicurus – há uma sensação maior de que o extremo cuidado com a limpeza foi deixado um pouco de lado. Lá em cima, próximo a avenida Afonso Pena, um dos lugares de maior fluxo é bem mais limpo, como se a cada segundo um gari passasse para limpar. Isso só vai contra a regra, na rua Rio de Janeiro. O lugar se destaca por ser um espaço de sociabilidade, em que as pessoas podem sentar e conversar, sem se preocupar com os veículos, já que o encontro da Rio de Janeiro com a Afonso Pena é fechada para pedestres. Talvez esse seja um fator que aumente a produção de lixo, pois em lugares mais desertos, como a avenida dos Andradas, há quase nenhum papel no chão.
(*)Forma comum de se chamar membros e ex-membros do Projeto Manuelzão da UFMG no curso de comunicação.
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METROpólis
Comentário acerca do texto “Usos e consumos no metrô do Rio de Janeiro” de Janice Caiafa
Carolina Aparecida Ferreira de Melo
Vanessa Veiga de Oliveira
A linha amarela do metrô traz uma mensagem instituída. Tal como sinal de comando, aquele elemento nos impõe uma ordem disciplinar. Há claramente nessa modalidade de regulação um intento de diminuir os percalços da trajetória, em nome da proteção. No entanto, subvertendo sua própria lógica ao propor um desvio da atenção o traçado amarelo traz um novo tipo de instrução: o imperativo do consumo.
O site da empresa responsável pelo transporte metroviário do Rio de Janeiro, a MetroRio, divulga o espaço de publicidade realizado na linha amarela. A função, à princípio, da linha amarela é advertir os passageiros sobre o espaço de segurança na plataforma para que não ocorram acidentes.
Acompanhamos a degradação do usuário em cliente, os coletivos permanecem como serviço público essencial dada a necessidade de locomoção nos grandes centros urbanos, mas delegada ao capital privado, o que restringe sua dimensão como direito. O passageiro do metrô oscila entre a figura de cidadão e consumidor e sem saber de fato qual é o seu papel tende ao conformismo. Até porque, a mercantilização do espaço e dos equipamentos é uma forma de controle. É dessa maneira que Janice argumenta como a atitude comercial publicitária camufla o potencial de resistência, de experimentação, de comunicação e de sociabilidade no metrô. Os anúncios, que se sobrepõe aos signos da cidades, criam novas diretrizes e contextos de interação, apreensão e intervenção, um tanto menos democráticos, libertários e espontâneos.
O esvaziamento da viagem: é essa a conseqüência mais perversa que a autora aponta. Não que o metrô deixe de se compor como um meio social heterogêneo que permite o encontro com o estranho, a passagem por vizinhanças descontínuas e a fuga pelo exercício subjetivo.
“No metrô pode-se desenvolver essa dimensão criadora da viagem – que está no horizonte da experiência urbana – e se o fará sempre na medida em que o aspecto do controle possa recuar em prol do uso”.
O metrô, quando entendido como bem comum, oferece possibilidades participativas e dialógicas. Porém, o viés excessivamente economicista, constrange a ação porque espera um sujeito espectador e, portanto, passivo. A mudança, então, está no objetivo principal da utilização do metrô: ele deixa de ser mais um meio de transporte – ao qual todo cidadão tem direito – e passa a ser o lugar do clientelismo, do emprego maciço de campanhas publicitárias que estimulam o consumo.
“É preciso garantir a relação de compra e venda naquele momento e no futuro, fazendo o passageiro levar consigo também a melhor imagem da empresa. É para um cliente que é preciso se dirigir nesses termos”.
As campanhas publicitárias realizadas pelo MetroRio possuem dois objetivos. A primeira diz respeito à propagandas de terceiros, como o exemplo da linha amarela. A emprea MetroRio disponibiliza em seu site todas as informações necessárias sobre o perfil do passageiro, a “audiência diária”(termo que a empresa usa para falar do número de usuários em média, que utilizam o metrô por dia) e sobre os tipos de propagandas que podem ser alocadas nos trens e plataformas. O outro tipo de campanha são as propagandas institucionais da própria empresa MetroRio. As campanhas de transporte se valem de todo o imaginário que circunda o metrô como símbolo de progresso, para reforçar a idéia de rapidez, segurança e eficiência. Contraditoriamente, é a superlotação que garante o sucesso do negócio. Tanto pela redução dos custos, como por tornar proveitosa a presença dos passageiros. É assim que o metrô se oferece como lugar de visibilidade e estende o consumo para além da sua própria estação.
http://www.ukdesign.com.br/video/portugues.htm
Vídeo institucional do MetroRio. A campanha institucional reafirma o imaginário urbano relacionado ao metrô.
A dubiedade do sistema de transporte parece conveniente a quem detém a propriedade e a gestão do transporte. Nesse caso, a aliança que se almeja não é política é uma parceria comercial efêmera entre um que compra e outro que vende.
Link para o site do MetroRio: http://www.metrorio.com.br/canais.asp
Link para o site do MetroBH: http://www.metrobh.gov.br/principal.asp
EM TEMPO
Começou no dia 29 de novembro, sexta-feira, a terceira edição do festival “BH Music Station”. Após sete anos, o projeto volta com eventos durante quatro sábados seguidos (29/11 e 6, 13 e 20/12) nas estações do metrô de Belo Horizonte. Funciona assim: a partir das 23h45, as estações Central, Santa Inês, Minas Shopping e Vilarinho se transformam simultaneamente em palcos para renomadas bandas nacionais, além de perfomances, esquetes teatrais, poesia e circo. A entrada para o evento é somente pela estação Central e a expectativa é de um público de 4 mil pessoas. De acordo com site do BH Music Station, “o projeto foi retomado pelos produtores Márcia Ribeiro, Gegê Lara e Dênio Albertini, com patrocínio das empresas de telefonia Claro e Embratel. A intenção é de que o evento entre para o calendário nacional das produções culturais”.
O que Janice Caiafa acharia do projeto? Bom, o novo uso do metrô tem um preço caro. Os ingressos são limitados por noite e custam 30 reais a meia entrada e 60 reais o ingresso inteiro. Eles são vendidos nas lojas Claro do BH Shopping, Shopping Cidade, Itaú Power Shopping, Minas Shopping e Loja Claro da Savassi. Um ingresso dá direito a assistir aos quatro shows realizados por noite. Veja abaixo a programação do evento para os próximos três sábados.
6 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Fino Coletivo
* Palco Minas Shopping
00h15 – The Dead Rocks
* Palco Vilarinho
00h30 – Teatro Mágico
2h – BossaCucaNova
13 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Marina De La Riva
* Palco Minas Shopping
00h15 – Tattá Spalla
* Palco Vilarinho
00h30 – Vander Lee e Lokua Kanza
2h – Tom Zé
20 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Marina Machado
* Palco Minas Shopping
00h15 – Erika Machado
* Palco Vilarinho
00h30 – Ana Cañas
2h – Móveis Coloniais de Acaju
3h30 – Jack Tequila
Carolina Aparecida Ferreira de Melo
Vanessa Veiga de Oliveira
A linha amarela do metrô traz uma mensagem instituída. Tal como sinal de comando, aquele elemento nos impõe uma ordem disciplinar. Há claramente nessa modalidade de regulação um intento de diminuir os percalços da trajetória, em nome da proteção. No entanto, subvertendo sua própria lógica ao propor um desvio da atenção o traçado amarelo traz um novo tipo de instrução: o imperativo do consumo.

Acompanhamos a degradação do usuário em cliente, os coletivos permanecem como serviço público essencial dada a necessidade de locomoção nos grandes centros urbanos, mas delegada ao capital privado, o que restringe sua dimensão como direito. O passageiro do metrô oscila entre a figura de cidadão e consumidor e sem saber de fato qual é o seu papel tende ao conformismo. Até porque, a mercantilização do espaço e dos equipamentos é uma forma de controle. É dessa maneira que Janice argumenta como a atitude comercial publicitária camufla o potencial de resistência, de experimentação, de comunicação e de sociabilidade no metrô. Os anúncios, que se sobrepõe aos signos da cidades, criam novas diretrizes e contextos de interação, apreensão e intervenção, um tanto menos democráticos, libertários e espontâneos.
O esvaziamento da viagem: é essa a conseqüência mais perversa que a autora aponta. Não que o metrô deixe de se compor como um meio social heterogêneo que permite o encontro com o estranho, a passagem por vizinhanças descontínuas e a fuga pelo exercício subjetivo.
“No metrô pode-se desenvolver essa dimensão criadora da viagem – que está no horizonte da experiência urbana – e se o fará sempre na medida em que o aspecto do controle possa recuar em prol do uso”.
O metrô, quando entendido como bem comum, oferece possibilidades participativas e dialógicas. Porém, o viés excessivamente economicista, constrange a ação porque espera um sujeito espectador e, portanto, passivo. A mudança, então, está no objetivo principal da utilização do metrô: ele deixa de ser mais um meio de transporte – ao qual todo cidadão tem direito – e passa a ser o lugar do clientelismo, do emprego maciço de campanhas publicitárias que estimulam o consumo.
“É preciso garantir a relação de compra e venda naquele momento e no futuro, fazendo o passageiro levar consigo também a melhor imagem da empresa. É para um cliente que é preciso se dirigir nesses termos”.
As campanhas publicitárias realizadas pelo MetroRio possuem dois objetivos. A primeira diz respeito à propagandas de terceiros, como o exemplo da linha amarela. A emprea MetroRio disponibiliza em seu site todas as informações necessárias sobre o perfil do passageiro, a “audiência diária”(termo que a empresa usa para falar do número de usuários em média, que utilizam o metrô por dia) e sobre os tipos de propagandas que podem ser alocadas nos trens e plataformas. O outro tipo de campanha são as propagandas institucionais da própria empresa MetroRio. As campanhas de transporte se valem de todo o imaginário que circunda o metrô como símbolo de progresso, para reforçar a idéia de rapidez, segurança e eficiência. Contraditoriamente, é a superlotação que garante o sucesso do negócio. Tanto pela redução dos custos, como por tornar proveitosa a presença dos passageiros. É assim que o metrô se oferece como lugar de visibilidade e estende o consumo para além da sua própria estação.
http://www.ukdesign.com.br/video/portugues.htm
Vídeo institucional do MetroRio. A campanha institucional reafirma o imaginário urbano relacionado ao metrô.
A dubiedade do sistema de transporte parece conveniente a quem detém a propriedade e a gestão do transporte. Nesse caso, a aliança que se almeja não é política é uma parceria comercial efêmera entre um que compra e outro que vende.
Link para o site do MetroRio: http://www.metrorio.com.br/canais.asp
Link para o site do MetroBH: http://www.metrobh.gov.br/principal.asp
EM TEMPO
Começou no dia 29 de novembro, sexta-feira, a terceira edição do festival “BH Music Station”. Após sete anos, o projeto volta com eventos durante quatro sábados seguidos (29/11 e 6, 13 e 20/12) nas estações do metrô de Belo Horizonte. Funciona assim: a partir das 23h45, as estações Central, Santa Inês, Minas Shopping e Vilarinho se transformam simultaneamente em palcos para renomadas bandas nacionais, além de perfomances, esquetes teatrais, poesia e circo. A entrada para o evento é somente pela estação Central e a expectativa é de um público de 4 mil pessoas. De acordo com site do BH Music Station, “o projeto foi retomado pelos produtores Márcia Ribeiro, Gegê Lara e Dênio Albertini, com patrocínio das empresas de telefonia Claro e Embratel. A intenção é de que o evento entre para o calendário nacional das produções culturais”.
O que Janice Caiafa acharia do projeto? Bom, o novo uso do metrô tem um preço caro. Os ingressos são limitados por noite e custam 30 reais a meia entrada e 60 reais o ingresso inteiro. Eles são vendidos nas lojas Claro do BH Shopping, Shopping Cidade, Itaú Power Shopping, Minas Shopping e Loja Claro da Savassi. Um ingresso dá direito a assistir aos quatro shows realizados por noite. Veja abaixo a programação do evento para os próximos três sábados.
6 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Fino Coletivo
* Palco Minas Shopping
00h15 – The Dead Rocks
* Palco Vilarinho
00h30 – Teatro Mágico
2h – BossaCucaNova
13 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Marina De La Riva
* Palco Minas Shopping
00h15 – Tattá Spalla
* Palco Vilarinho
00h30 – Vander Lee e Lokua Kanza
2h – Tom Zé
20 de dezembro (sábado)
* Palco Santa Inês
00h15 – Marina Machado
* Palco Minas Shopping
00h15 – Erika Machado
* Palco Vilarinho
00h30 – Ana Cañas
2h – Móveis Coloniais de Acaju
3h30 – Jack Tequila
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