domingo, 31 de agosto de 2008

Bienal de Graffiti




Três fotos da Bienal de Graffiti
Vale a pena mesmo dar uma olhada nas telas grandes que se atrapalham na Serraria Souza Pinto, quase que pedindo para dar uma volta pelas ruas do centro.
Essa é uma discussão muito polêmica, sobre o lugar do graffiti, a transposição para os espaços das galerias, a utilização do graffiti em outras áreas da produção visual tal como em campanhas publicitárias em todas as mídias: eletrônica, papel, internet...

Milene Migliano

LIMITES DE BELO HORIZONTE E LIMITES DA LUZ

Exposição fotográfica e livro revelam os lugares mais periféricos possíveis de Belo Horizonte

Fotógrafos mineiros percorreram os 200 quilômetros da fronteira urbanizada de BH com outros municípios e encontraram confusões urbanas, curiosidades cotidianas e registraram as histórias de vida da população que vive no limite

Trinta fotografias coloridas e em preto e branco, tiradas entre os anos de 2002 e 2008, descrevem a cidade de Belo Horizonte sob uma ótica nunca antes apresentada: a capital vista a partir de seus limites. No dia 6 de setembro, sábado, esse trabalho será revelado ao grande público com o lançamento da exposição e do livro "Os Limites de Belo Horizonte e os Limites da Luz", na Casa do Baile, Pampulha, a partir das 15h. O ensaio, montado em foto e texto, é assinado pelos fotógrafos Bruno Moreno, Artênius Daniel e Daniel Protzner, trazendo registros de lugares, coisas e pessoas que se encontram sobre a linha divisória que separa Belo Horizonte dos outros municípios da região metropolitana, sempre nos horários limite da luz: nascer e pôr do sol.

O projeto foi desenvolvido pelo Instituto Limites, com recursos do Fundo de Projetos Culturais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Também foi realizada uma ampla pesquisa, nos limites de Belo Horizonte, para conhecer a sua população, seus problemas cotidianos e a dinâmica de vida na fronteira da sexta maior cidade do Brasil.

No dia 6 de setembro, sábado, haverá três eventos, distribuídos em duas sessões. Primeiro, às 15h, será realizada uma mesa-redonda com especialistas, participação de moradores das regiões fronteiriças e representantes do poder público. Os debatedores serão:
- Maria Coeli Pires, secretária-adjunta de Desenvolvimento Regional e Política Urbana do Estado de Minas Gerais.
- José Moreira de Souza, pesquisador aposentado pela Fundação João Pinheiro e um dos criadores da Planbel (Equipe de Planejamento da Região de Belo Horizonte).
- José Abílio Belo, urbanista e Conselheiro Metropolitano de Belo Horizonte.

Em seguida, às 17h, serão lançados o livro e a exposição fotográfica.

Exposição
A exposição fotográfica, que contém 30 imagens inéditas dos limites da cidade nos horários do nascer e pôr do sol, ficará na Casa do Baile até o dia 27 de setembro. Depois, circulará por centros culturais, escolas e outros espaços públicos das nove regionais da capital até janeiro de 2009. Programação e outras informações futuramente no site www.institutolimites.org.br

Sobre as fotos
Explorando os 200 quilômetros da fronteira de Belo Horizonte com outras sete cidades – Nova Lima, Sabará, Contagem, Vespasiano, Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Ibirité, o projeto "Os Limites de Belo Horizonte e os Limites da Luz" começou em 2002, com estudantes da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, sendo retomado em 2006, com o Instituto Limites. Foram produzidas cerca de mil fotos, das quais 30 foram selecionadas para a exposição. A experimentação fotográfica registra o espaço urbano com o olhar das dicotomias luz/penumbra, dentro/fora, Belo Horizonte/não-Belo Horizonte.

Percorrer os limites da cidade é como vencê-la em sua brincadeira de gigante. É como ousar entende-la através de seus lotes bicudos, casas e personagens recônditos que participam da história sem muito crédito. Pelo registro da vendedora de alfaces da região do Barreiro, do enorme acampamento cigano que se encontra em Venda Nova, pelo solitário e misterioso caseiro que habita uma carroceria de caminhão na região oeste, os limites tornam-se mais próximos e nítidos para o centro. Cabe ao observador descobrir quantos e quais são os verdadeiros limites da periferia. Talvez nela esteja um pouco de todos os outros que a cidade possui e que se apresentam diariamente como um obstáculo para o seu equilíbrio e desenvolvimento.

Alguns Números
Cerca de 10% da população que habita os quase 22 mil domicílios das regiões limítrofes de BH não sabe dizer em qual cidade mora. 14% dos moradores utilizam comprovantes de endereço emprestados para tentar burlar a lei e ter acesso à educação, saúde e outros serviços do município vizinho. Outros 21% afirmam que, apesar de não usarem, essa prática é comum. Em algumas regiões, 70% da população mora em uma cidade, porém vota na cidade vizinha. Confirmando a região dos limites como zona de grande exclusão social, a renda dos moradores dos limites é quase 50% menor do que a média da região metropolitana de Belo Horizonte.

Instituto Limites
O Instituto Limites é uma entidade sem fins lucrativos, formada por uma equipe multidisciplinar de jornalistas, fotógrafos, geógrafos, cientistas políticos e outros profissionais que têm como objeto as regiões que se encontram sobre a linha divisória de duas ou mais unidades políticas e administrativas. Seus objetivos são estudar e dar visibilidade à problemática dos limites, multiplicar os olhares existentes sobre as periferias, assim como contribuir para a sugestão de políticas públicas e práticas de desenvolvimento sustentável, capazes de aumentar a qualidade de vida das populações que habitam as regiões de fronteira.

Serviço:

"Os Limites de Belo Horizonte e os Limites da Luz"
Data: Entre 6 e 27 de setembro
Horário:
Dia 6, sábado: 15h- Mesa Redonda 17h - Lançamento do livro e da
exposição
Dias 7 a 27 (exceto segundas-feiras): Exposição fotográfica de 9h às 19h
Local: Casa do Baile, Av. Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha, BH
Entrada Franca
Informações: 3277.7443

Carla Pedrosa

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Banksy


Pessoal,
Recomendo uma visita ao site do Banksy, um artista britânico bastante famoso que trabalha com uma mistura de grafiti e stencil muito interessante, usando um tom que mistura a sátira com comentário socio-politico e mesmo cultural. Interessante pela maneira criativa com que modifica o ambiente urbano.

http://www.banksy.co.uk/outdoors/horizontal_1.htm
http://www.time.com/time/photogallery/0,29307,1678584,00.html

Pra quem quiser saber mais sobre ele: http://en.wikipedia.org/wiki/Banksy

Abraço,
João Paulo Carvalho

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Paisagens Invisíveis

Paper que busca refletir sobre as novas possibilidades expressivas dos meios digitais e circuitos de exibição

Por mais que a tecnologia tenha se desenvolvido, ainda hoje trabalhamos com uma noção de espaço pitagórica, ou seja, a de que antes de tudo havia um vazio em que surgiu um ponto, que se estendeu na linha, que se desdobrou em um plano, que se dobrou em um sólido, que projeta a sombra que é, aquilo que vemos. Não só vemos, como vivemos à sombra, que preenche o espaço como ilusão.

Mas o espaço só existe como espaço vivido, se o sentimos... a partir de nossa subjetividade. É através de processos de significação, em que atribuímos sentido às coisas, que construímos as nossas relações com o próprio espaço e com os demais. O geógrafo Milton Santos diferencia ainda a idéia de paisagem como sendo o conjunto de elementos artificiais e naturais que, num dado momento, caracterizam uma área; ao passo que o espaço seria o conjunto dos elementos da paisagem somado às vidas que o animam. Estamos portanto a falar de paisagens, espaços habitados pelos homens e construídos por ele em seus processos de significação.

Quando transferimos esta idéia para a contemporaneidade e para a realidade urbana, nos defrontamos com uma paisagem em que cartazes, outdoors, anúncios em postes e colados nos muros, apelos visuais das mais diversas formas, cores e funções clamam por nossa atenção e mais, por sua leitura.Uma leitura que deve ser múltipla, não linear, descontínua devido à própria condição em que se dá, leitura em e no trânsito. Dos carros, dos ônibus, de bicicleta ou a pé, buscamos dar sentido a todos estes apelos visuais, que têm ainda contra, ou deveríamos dizer a seu favor, a sujeira própria da ruas dos grandes centros urbanos, a fumaça, a poeira do asfalto, as interferências e apropriações daqueles que circulam pelas ruas e que ora rasgam pedaços destes cartazes, grafitam ou mesmo pregam cartazes, uns por sobre outros em uma profusão se sobreposições, obliterações, colagens e superposição de sentidos e significações.

Se por um lado esta "sujeira" e/ou descontinuidade poderia ser entendida como um ruído na comunicação, segundo os princípios da teoria da informação, por outro ela é a própria característica da comunicação contemporânea, sua marca.
Esta peculiariedade pede portanto ser entendida, e mais, utilizada se pretendemos nos fazer comunicar em tais paisagens urbanas.A compreensão e atribuição de sentidos e signicados passa hoje, necessariamente por tais elementos. Se a velha máxima, "uma imagem vale por mil palavras" já podia ser considerada como verdadeira desde tempos remotos - não é necessário lembrar que das pirâmides egípicias às igrejas barrocas, era através de imagens que se falava às massas iletradas - hoje, mais do que nunca ela se torna presente.Mensagens cada vez menos fonéticas e mais visuais, estão a todo momento nos comunicando aquilo que nos serve como parâmetros para a construção e atribuição daquilo que um dia costumavam-se chamar "identidades sociais".

Da política e da filosofia, dos valores raciais e de genêro manifestos nos grafites; aos sonhos e hábitos de consumo dos anúncios publicitários, passando pela moda, investida de valores simbólicos e identitários, dos transeuntes punks, hippies, góticos, clubbers, boys e bad boys, peruas e empresários engravatados..., dos apelos sexuais dos postêres e capas de revistas aos modelos e padrões estéticos difundidos por e para todos, tudo se expressa de maneira descontínua, sobreposta, paralela e ruidosa nas ruas das cidades. Nos telefones celulares, pagers, walkmans, jornais, revistas e livros; nos rádios, painéis eletrônicos e laptops uma nova sociedade se manifesta e se constrói.

Os antigos valores, conceitos e distinções entre público e privado, entre individual e coletivo, entre o meu e o seu se esvaem e em seu lugar novos agenciamentos de sentido e de significados se manifestam. E o que há para ser representado exige novas posturas e novos instrumentos, se antes tinhamos um público acostumado a histórias com começo meio fim, moçinhas e moçinhos, bandidos bem caracterizados e que representem seus pápeis sem deixar dúvidas quanto a se estão do lado do bem ou do mal... (claro sempre houveram dubiedades que possibilitavam outros tipos de identificação para o jovem rebelde, ou a moçinha que não queria ser apenas aquilo que sua mãe era), hoje cada dia mais, "estamos vivendo uma paisagem midiática muito mais complexa e muito mais engendrada na vida social" do que aquela vivida nos tempos da criação do cinema; não podemos nos esquecer que o cinema surge entre outras, da necessidade de se criar uma diversão para as emergentes massas dos centros urbanos produzidos pela revolução industrial, que necessitava de lazer e diversão, principalmente em grupos, para reafirmar sua identidade e para possibilitar a perpetuação da espécie.

Quais seriam então as possibilidades e necessidades desta contemporânea realidade? Realidade em que televisores, computadores, pda's, dvd's, celulares, outdoor's eletrônicos espalhados pelos centros urbanos suplicam por nossa atenção ("why can't I walk down on the streets free of suggestion?", se pergunta Ian Mackeay do grupo Fugazi)? Não há dúvida que as necessidades de identificação e perpetuação da espécie se mantêm, mas de que forma poderiam se dar?

Quanto às mudanças de circuitos de recepção sugerida por estas manifestações artísticas, fico pensando que hoje as obras são feitas para circularem sobre diversos suportes, uma "facilidade" do digital, e para tanto devem sofrer transformações, adaptações, traduções, uma "dificuldade" do analógico. Entretanto, tal trânsito de mídias e sua necessária tradução abre por vezes não apenas a possibilidade de "novas poéticas", como também o surgimento de obras "mutantes", adaptativas que se adequam ao seu novo espaço de exibição à medida em que são requisitadas. Em cada uma de suas transformações atendendo às novas necessidades expressivas da obra mesmo e de seu autor.

Em uma cultura cada vez mais cíbrida, esta se atualiza por processos de emulação e, além disto, demanda por novas práticas de memória e concepções de/da história. O narrado não é apenas aquilo que vemos, é tanto, ou mais aquilo que percebemos, e como o percebemos. A tela já não é aquele espaço privilegiado de onde assistmos o mundo, é onde o mundo acontece. O espaço que preenchemos com nossa subjetividade e o espaço no qual manifestamos a nossa própria existência. Conectados à ela construímos, à sombra, a realidade em que vivemos. "Sending there our comands" propomos ao outro nossa realidade.

"As palavras e as coisas - uma arqueologia das ciências humanas"
Foucault, Michel - 8a edição/3a tiragem -Martins Fontes - SP/2002


"Me ++ - The Cyborg Self and the Networked City"
Mitechell, Willian J. - MIT Press - Cambrideg/2003


"A natureza do espaço - técnica e tempo/razão e emoção"
Santos, Milton - 3a edição - HUCITEC - SP/1999

fonte: http://netart.incubadora.fapesp.br/portal/Members/minelli/escritos/circuitos/

Postado por Rafael Cerqueira


domingo, 24 de agosto de 2008

A ressignificação do espaço urbano a partir da intervenção artística em mídias externas veiculadas em São Paulo

Pessoal,
este texto parece ser muito interessante.
Disponibilizo para quem tiver interesse.
Rafael Cerqueira

http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/19386/1/Vanessa+Pereira-Philippe+Lejeune.pdf

PIB DA CRIATIVIDADE

Na cidade da grana, formas não convencionais de expressão cultural impõem novas relações de mercado.

São Paulo é sinônimo de caos urbano. A cidade foi construída na desordem, sem qualquer planejamento, e representa todos os elementos de um sistema em que a competição pelo sucesso e a busca pelo lucro superam qualquer trabalho por um ambiente saudável de vida coletiva. A poluição contamina o ar e os rios, o trânsito paralisa a cidade, os motoristas de carros e motos se sobrepõem aos pedestres, a violência se incorpora ao dia-a-dia e a busca por moradia nessa selva faz com que os habitantes das periferias invadam mananciais, e os mais ricos vivam em fortalezas.

Do ponto de vista da organização cultural, a cidade também é caótica e desigual.Os equipamentos públicos culturais são subutilizados, dominados pela burocracia e pela caretice. Mas, nas entrelinhas, nasce e cresce vertiginosamente uma arte resultante da diversidade gerada na interpretação e na resistência ao caos.

Seus intérpretes fazem parte de uma geração que assimilou a linguagem da internet, dos movimentos urbanos, da moda, da publicidade e de formas não convencionais de expressão. Em contraposição à falta de contato com equipamentos formais , esses personagens se organizam em coletivos, clubes noturnos, e galerias que não habitam somente o underground dos bairros mais movimentados como também buscam outros ares, revitalizando regiões da cidade.

Estão por aí: dos Jardins ao Cambuci, do Baixo Augusta à nova Barra Funda, da Liberdade à Vila Madalena. A cidade se reinventa pela mão de gente muito nova e muito longe dos gabinetes e das decisões. Indie, hip hop, rock, graffiti, stickers, mangá, skate, cartoons, toy art, lambe-lambe, arte eletrônica. As palavras soltas dão pistas dessa realidade.

As diversas expessões do comportamento, antes vistas apenas como formas de agrupamento e de busca de identidade de movimentos juvenis nesse mundão, agora já se caracterizam como incríveis nichos econômicos de uma infinita “calda longa”, capaz de superar na soma de tantos microuniversos de consumo cultural, os líderes das paradas de sucesso.

A teoria do jornalista e escritor Americano Chris Anderson, editor da revista Wired, que em seu best seller “ The Long Tail” identificou a mudança dos hábitos de consumo cultural , contrapondo a economia do nicho com a economia do hit, já é visível no caos de São Paulo, com força e vitalidade. A soma dos públicos que freqüentam as centenas de clubes da cidade numa noite já supera o de grandes festivais; a multiplicação de marcas e iniciativas no universo da moda já faz a indústria repensar suas estratégia e linguagem; as pequenas galerias batem em relevância e público a arte velha e sisuda.

Como espelho de tudo isso, eventos importantes como a São Paulo Fashion Week e seminários de instituições estratégicas como o BNDES mergulham de cabeça no tema e buscam compreender o papel da diversidade cultural na economia. Vivemos um momento crucial, em que os operadores deste universo devem atuar de forma incisiva na defesa dessa realidade, para que a sociedade como um todo compreenda que todas as novas formas de expressão cultural merecem ser cultivadas. É necessário e urgente buscarmos calcular o quanto gira em torno dessa cultura alternativa que pipoca pelas ruas. Precisamos determinar qual o PIB DA TRANSGRESSÃO, para que possamos demostrar em números a importância desse fenômeno social.

Na cidade da grana, o universo da cultura alternativa se organiza para falar a lingua que São Paulo mais entende, e, dessa maneira, ativar a economia da criatividade. Os mais importantes clubes noturnos da cidade, por exemplo, criaram o movimento NOITE VIVA, para valorização da vida noturna. Em parceria com a Prefeitura já participaram do Aniversário de São Paulo e agora terão um palco na Virada Cultural. A disponibilização de postos de trabalhos noturnos para projetos sociais, um plano de incentivo ao turismo focado na noite paulistana, rotas de transporte público noturno e auxílio nos projetos de reurbanização de áreas degradadas já estão na agenda. Outro exemplo relevante são as exposições coletivas que a Galeria Choque Cultural promove. Recentemente os artistas mais importantes da arte urbana americana mostraram suas obras. Atualmente, uma ampla exposição com artistas japoneses em comemoração aos 100 anos da Imigração ocupa o local. Muito mais do que uma galeria, a Choque é uma agitadora que movimenta o mercado dessa arte, cultiva colecionadores e faz a ponte de vários artistas brasileiros para o mercado formal e internacional.

Iniciativas coletivas em busca de canais de mercado para novos criadores se multiplicam pela cidade. A Galeria Ouro Fino se reinventa a cada estação, a Galeria do Rock, já é de todos os estilos e gostos e cada vez mais atrai pessoas com poder de consumo interessadas em micro marcas. Inciativas como a Endossa - a loja colaborativa - e a esquina dos estilistas na Rua Bela Cintra, também apontam para isso.

Há algo de novo no ar. Algo relacionado com a base da nossa estrutura econômica e social. Novas relações de mercado, de formas de criação e de compartilhamento de conteúdo. No futuro, a economia baseada na cultura e na criatividade, será a base da mais rica cidade do Brasil. São Paulo está ficando mais bonita.

fonte: http://www.overmundo.com.br/overblog/pib-da-criatividade

Postado por Rafael Cerqueira
Pessoal,
ao ler este texto, lembrei-me do texto que lemos do Certau.
Boa Leitura!
Rafael Cerqueira

Conversa de índio: muito além de Vera Cruz, uma tal aldeia global.


“Mãe que matou filho é condenada a 6 anos”. “Menina é encontrada boaiando na Lagoa da Pampulha.” “Mulher mata filha de cinco meses.” “Mãe suspeita de jogar bebê no lixo é presa.” Atos como esses têm provocado repugnância e horror. Uma barbárie - exclama em coro a sociedade. Mas quando o assassino é o “bárbaro”, qual a medida do julgamento, do sofrimento, da perplexidade e da punição?

O Estado liberal admite a existência de valores que transcendem as culturas particulares e que devem, assim, estar inscritos na Declaração dos Direitos Humanos, válidos em escala planetária (Roberto Cardoso, 1993) [1]. Entre as prescrições que aparecem no documento está o direito inalienável à vida e a penalização de quem aja contra ela. Para os índios, no entanto, o infanticídio não cabe nessa descrição. Nas comunidades onde é praticado, ele é tomado como uma crença social povoada de todo um imaginário simbólico. Se não existe por parte dos membros das tribos a consciência do ato como delito, é mesmo pelo próprio isolamento em que vivem, o que faria de qualquer sanção sobre eles um estranhamento, se não, uma incongruência. Vemos-nos diante de um inegável choque cultural. Mais do que isso, compartilhamos um paradoxo. Porque enquanto se defende o protecionismo das comunidades indígenas como forma de manutenção das tradições, se reivindica também que esses mesmos costumes não sejam incompatíveis com a lógica universal. A sociedade brasileira, temerosa do etnocentrismo e nutrida de sentimento de culpa nacional, assume o princípio do relativismo de valores, ao mesmo passo que elege a noção cosmopolita. Como resolver esse impasse? Sendo o gênero humano dotado de competência comunicativa, deveria ele, em toda a sua extensão, ser entendido como co-autor de seu mundo. E nesse sentido, portanto, falaríamos de uma ética discursiva e dialógica. (Roberto Cardoso, 1993) [2]

A tentativa de negociar interesses e perspectivas, de fato, existe. Atores sociais oferecem na esfera pública suas justificativas, acepções e discordâncias sobre o assunto. Percebemos, claramente, o viés antropológico, o religioso e o legal e toda maneira como esses discursos condensam alguns dos nichos de opiniões públicas. Não se trata apenas de uma divisão casual entre aqueles que concordam com a prática, aqueles que a condenam ou os que são indiferentes, se é que isso é possível (talvez seja melhor dizer que carecem de respostas). O que se reconhece é que a lógica de referência que cada um desses grupos adota é constituída e também constituinte do campo político, cultural e social sobre o qual operam.

As populações étnicas observáveis em contextos nacionais estão sob o domínio de um Estado controlado por uma única etnia, o que significa que eles vivem como minorias. (Roberto Cardoso, 1993) [3] Essa é a condição dos índios, ora vistos de maneira depreciativa, ora de maneira exaltada, mas em ambos como sujeitos não autônomos. Apontado sempre como o outro, ingênuo e atrasado, e assim, incapaz de discernir o bem e o mal, o indígena ocupa as margens raramente alcançáveis. Sua invisibilidade fica evidente na ausência da sua própria voz (porque fala-se por ele, não para ele). O que se tem é o reflexo do paternalismo e da função tradutora e pedagógica admitidos na política indianista, muitas vezes até como forma de compensação histórica (dizem para evitar danos ao equilíbrio cultural).

Se a nossa sociedade se propõe a pensar e questionar a maneira como as tribos se organizam e relacionam, o maior convidado para o debate deveria ser aquele a quem se investiga. No entanto, o índio aparece, na maioria das vezes, é apenas como o objeto da discussão e da intervenção. A convocação das vontades e dos agentes para a mudança não inclui o gentio, visto aqui em toda a sua passividade. E é assim que o homem “civilizado” assume o papel de julgar as regras que não regem uma vida comum, mas a vida de um longínquo.

Os conquistadores não são os outros, daqueles tempos remotos. Somos nós. Os índios revivem a irônica condição de “hóspedes de sua própria casa”, ocupada historicamente por uma população colonizadora (para resgatar Euclides da Cunha). Quem aqui é o exógeno, se estamos tão próximos, mas também tão distantes? Quando se conclama a coletividade e quando, ao contrário, o apelo é ao sujeito e sua dignidade? E qual é esse público legitimado não apenas a emitir a opinião, mas também a transformar essa realidade? Como conduzir os processos inevitáveis de alteração e alteridade?

Tratamos, em todo caso, necessariamente da modernidade e tomamos desse período os paradigmas orientadores. Mas vale lembrar que o índio e sua tradição do infanticídio não vivem simultaneamente conosco um tempo uno. Apresentar respostas aqui seria, a meu ver, prestar à cultura uma assimilação definitiva que não há (ao contrário do que aspirava o ideal romântico). Resta saber com que argumento e emoção iremos transitar entre valores e práticas sociais tão opostos e realizar o movimento entre a permutação pacífica e a disputa hegemonia.

Desculpem-me se fugi um pouquinho do urbano. É que nesses tempos fica difícil distinguir onde realmente está a selva. O tema proposto é apenas uma das tantas diferenças entre o mundo daqui e o de lá. São cidades e florestas, mas ainda assim Terra de Vera Cruz. Ah, e não dá para negar que há um tanto de provincianismo nisso tudo!

Carol Melo


Citações:

[1] Cardoso de Oliveira, Roberto, “Antropologia e moralidade: etnicidade e as possibilidades de uma ética planetaria”. Conferências Luiz de Castro Faria, realizada na UFRJ em julho de 1993. Disponível em http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_24/rbcs24_07.html Acesso: 23/08/08

[2] Idem

[3] Idem

Outras fontes: a quem queira também consultar

http://vozpelavida.blogspot.com/

http://www.antropos.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=132&Itemid=26

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u389427.shtml

http://tempora-mores.blogspot.com/2007/09/o-relativismo-multicultural-e-o.html

http://danieldliver.blogspot.com/2007/09/o-infanticdio-indgena.html

Imagem:

http://flickr.com/photos/alvesraphael1982/2536806673/


sábado, 23 de agosto de 2008

no Map


2007|2008

TERRITÓRIOS RECOMBINANTES 2008
[english version below]

Série itinerante de debates focando obras e projetos de jovens artistas, que utilizam mídias eletrônicas e digitais. O projeto está focado em dois aspectos: 1) formação, ao debater os projetos em desenvolvimento de jovens artistas e 2) difusão descentralizada do conhecimento/produção das novas mídias, contemplando cidades em diversas regiões do país. Nesse sentido, atua no estabelecimento de redes entre profissionais e instituições que se interessam pelas transformações advindas do impacto da tecnologia no mundo contemporâneo. O projeto é uma realização do Instituto Sergio Motta, por meio da sua principal ação cultural, o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia.

Formato_

Dois dias de trabalhos em cada uma das cidades, com debates entre artistas e críticos convidados e apresentações dos trabalhos de artistas selecionados. A participação é aberta aos artistas selecionados (até 20) e a todos os interessados em acompanhar os debates e apresentações. O projeto conta, ainda, com um blog, que atuará como espaço privilegiado de troca e de divulgação.

Datas | Locais

19 e 20 de setembro | Belo Horizonte
Museu de Arte da Pampulha | Av. Dr. Otacílio Negrão de Lima, 16.585 - Pampulha
Debatedores: Daniela Castro, Luiz duVa, Éder Santos e Rodrigo Minelli

3 e 4 de outubro | Florianópolis
Sesc Florianópolis | Trav. Syriaco Atherino, 100 – Prainha
Debatedores: Daniela Castro, Luiz duVa, Tiago Romagnani
Convidado institucional: Yara Guasque

17 e 18 de outubro | Belém
Casa das 11 Janelas | Trav. Quintino Bocaiúva, 616 - Reduto
Debatedores: Daniela Castro, Lucas Bambozzi, Orlando Maneschy

7 e 8 de novembro | Salvador
Museu de Arte Moderna da Bahia | Av. Contorno, s/n – Solar do Unhão
Debatedores: Daniela Castro, Marcus Bastos, Danillo Barata
Convidado institucional: Solange Farkas

Inscreva-se a partir de 4 de agosto!
VISITE O BLOG http://tr.premiosergiomotta.org.br

_Datas limite para inscrição_
Belo Horizonte | até 1º de setembro
Florianópolis | até 10 de setembro
Belém | até 19 de setembro
Salvador | até 10 de outubro

Realização_
INSTITUTO SERGIO MOTTA_
PRÊMIO SERGIO MOTTA DE ARTE E TECNOLOGIA_

Parceiros_
MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA_
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS_
SESC FLORIANÓPOLIS_
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA_
CASA DAS 11 JANELAS_
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ_
MUSEU DE ARTE MODERNA DA BAHIA_ ________________________________________________________

Milene Migliano

"Diferente" uso de um produto cultural

A Mattel lança em outrubro uma barbie inspirada no clássico "Os pássaros". A boneca vem com a mesma roupa de Jessica Tandy, a protagonista do longa que levou as bicadas mais famosas do cinema.
Não acredita?Então saiba mais em: http://bazarpop.wordpress.com/2008/07/04/para-quem-e-fa-de-barbie-e-hitchcock/
Creio que esta apropriação do produto cultural: "Os pássaros" vai dar o que falar!!!
Carla.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bienal do Grafitti


Ineditismo e experimentação dão o tom da Primeira Bienal Internacional de Grafite de Belo Horizonte
Promover discussões, refletir sobre o espaço da arte na contemporaneidade e formar novos talentos. Esses são alguns dos motes da I Bienal Internacional de Grafite de Belo Horizonte( BIG – BH), que acontecerá entre os dias 30 de Agosto e 07 de Setembro, na Serraria Souza Pinto. Coordenada pelo artista plástico Rui Santana, a bienal, única do gênero no mundo, traz em sua programação seminários, workshops, exposições e intervenções urbanas.
Com atrações vindas dos quatro cantos do mundo, que incluem países como Inglaterra, Holanda, Japão, Alemanha, Chile, Porto Rico e Estados Unidos, o evento mostrará o que vem sendo produzido nos cenários nacional e mundial do grafite, através de exposições e discussões de temas relacionados à área, como criatividade, identidade e cidadania.
Para a realização da I BIG – BH, a Serraria Souza Pinto irá se transformar em uma grande galeria, com desenhos, pinturas, stencils e stickers. Para o coordenador Rui Santana, “Belo Horizonte é propícia para abrigar um evento desse porte, pois a cidade vem se construindo culturalmente e é uma grande geradora de talentos. Nas artes plásticas temos uma grande tradição, e a cena do grafite - que é fortíssima na capital - cresce em ética e estética com diversos projetos, sendo que grande parte deles beneficiam comunidades”, completa Santana.
EXPOSIÇÕES:
Ao todo, serão quatro exposições:
1. Diálogos - Pretende incentivar o diálogo entre artistas plásticos com formação acadêmica e grafiteiros com uma trajetória de aprendizado ligado ao universo da rua.
2. Trajetória do grafite no Brasil das ruas até o acervo do Museu Histórico Abílio Barreto - Tem como objetivo fornecer ao espectador uma ampla visão da história do grafite no Brasil, dos primeiros registros até os
dias atuais. Além de obras em grafite, esta exposição abrigará uma mostra de fotografias e vídeos relativos ao tema.
3. A Grande Arte - Exposição com grafiteiros do Brasil e do mundo com trabalhos que expressem a importância do grafite como arte contemporânea.
4. Arte de rua – Objetos e derivações – Trazer para o universo da galeria, artistas com um trabalho sistemático, que usam a rua como sua principal matéria.
SEMINÁRIOS
Proporcionar a educação nas artes e, através dela, possibilitar aos cidadãos ferramentas para que eles possam olhar criticamente o que vêem e escutam. Com essa tônica, os seminários irão levantar questionamentos inerentes ao mundo das artes, como, por exemplo, a preferência por iniciativas individuais em detrimento daquelas de cunho coletivo.
Durante a I BIG-BH serão realizados cinco seminários:
1. O Novo Muralismo e suas abordagens históricas
Data: 1º de setembro
Conferencistas: Vera Casanova – BH
Charbelly Estrella – RJ
Saulo di Tarso – SP
2. Criatividade, grafite e cidadania
Data: 02 de setembro
Conferencistas: José Márcio Barros – BH
Roberto Carlos Madalena – BH
José Marcius - Projeto Guernica - BH
3. Grafite, design, publicidade e arquitetura
Data: 03 de setembro
Conferencistas: Flávio Negrão – BH
Eduardo Braga – BH
Edmundo Bravo (Didi) - BH
Leonardo Tavares (Leo Lobinho) - BH
4. Grafite como identidade do século XX e XXI
Data: 04 de setembro
Conferencistas: Julia Portes – BH
Juarez Dayrell – BH
José Coelho de Andrade Albino - BH
5. Vandalismo, arte marginal ou nova estética?
Data: 05 de setembro
Conferencistas: Sônia Assis – BH
Elisa Campos – BH
Bernardo Matta Machado – BH
Walter Tada Nomura (Tinho) - SP
ATELIÊS ABERTOS
Com curadoria do professor de arte Geraldir Bernardino e do grafiteiro Nadu Soares, os ateliês abertos irão devolver às ruas aquilo que lhe é de direito. Mais de 300 artistas, selecionados através de edital, e também alguns convidados irão se reunir para, em conjunto, realizar intervenções na cidade de Belo Horizonte. E como o grafite faz parte também de uma cultura maior que é a do Hip Hop, outros pilares - djs, rap, mc´s e dança de rua – também participarão da intervenção.
PROGRAMAÇÃO CULTURAL
O cenário do grafite é feito de cores, luzes e, principalmente, sons. Os “barulhos” da cidade se misturam aos ícones urbanos, de forma a expressar as pequenas revoluções que a sociedade enfrenta a cada dia. “A trilha sonora desse espaço-tempo se volta para o fugaz, o experimental, e expõe crônicas dos vários mundos e vidas que coexistem na cidade.” afirma a curadora de música Áurea Carolina Freitas. A música, nesse contexto, surge como meio de manifestação, diversão, encontro e expressão coletiva.
Uma das propostas da I Bienal Internacional de Grafite é unir grafite e música, promovendo um encontro entre linguagens distintas que, juntas, proporcionam uma nova percepção do ambiente. Foram convidados artistas independentes da Grande Belo Horizonte que, à sua maneira, dialogam com o universo urbano atual. Na mistura, estilos como rap, ragga, breakbeat, drum’n’bass e dub se juntam em intercâmbios sonoros. Assim como na rua, a paisagem se (con)funde em tradições e pós-modernidade.
Na programação, a música aparece em apresentações de grupos e performances de DJs e VJs, abrindo espaço para dança, improvisações e participação direta do público. Na parte da manhã DJs de vários estilos serão os responsáveis pela trilha sonora da exposição, fazendo com que tanto a presença do visitante influencie na sua apresentação, quanto a música na percepção da arte.
Durante a noite, quem comanda a festa é o mestre de cerimônias (MC) MC Monge, que contará também com shows, performances de DJs, VJs e Mcs, todos escolhidos segundo sua relevância no cenário musical, cultural e social belo-horizontino. A programação apresenta um leque variado, indo do Samba de Aline Calixto ao Funk do Quarteirão do Soul, passando pelo duelo de Mcs que, numa edição especial, atravessa a rua e se transfere para a Serraria.
No Duelo, será feito um sorteio entre oito inscritos e as disputas serão divididas em eliminatórias, semifinal e final. Nessas etapas, cada MC ataca e se defende dos ataques do adversário em rounds de 45 segundos. Caberá ao público presente escolher os vencedores através de gritos e salvas de palmas. Ao lado das pelejas improvisadas, o Duelo abre espaço para artistas do Hip Hop e também de outros estilos se apresentarem em mini-shows.


Acho que vale a pena conferir no site tem as informações completas: http://www.bigbh.com.br/bigbh/2008/htms/index.asp

Acho que o evento é um exemplo da hibridação cultural que fala o Canclini. A bienal é uma conquista de espaço do graffiti, uma mostra de reconhcimento como uma ocupação legítima do espaço urbano.

Aqui vão mais informações sobre o Graffiti:


Origens
O termo graffiti tem sua origem em graffiti, palavra italiana inicialmente usada para se referir às inscrições gravadas na pré-história e na Roma Antiga. Nos anos 70, no entanto, seu significado começou a ser empregado para indicar as modernas pinturas feitas com tinta spray, transformando-se em um símbolo da rebeldia juvenil da época.
Quase quatro décadas depois, o grafite mantém suas características subversivas e sua força comunicativa, tornado-se um movimento organizado dentro das artes plásticas. Arte sobretudo democrática, seu palco é o espaço urbano, onde através de uma linguagem crítica e expressiva, a arquitetura, o grafite e o público interagem nas ruas da cidade.
Gírias
O graffiti mantém um vocabulário próprio, com termos específicos que são compartilhados por grafiteiros de diversos países do mundo, envolvendo atitudes, moda e estilos.
Tag: assinatura do nome ou apelido do grafiteiro. ‘Presa’, presença.
Bomb (bombardeio): produção intensa e maciça de escritas.
Bullet (boleta): letras arredondadas e ‘infladas’.
3D: o grafite tridimensional é, talvez, o estilo mais cobiçado entre os grafiteiros da new school. Explora o efeito tridimensional para dar volume a desenhos e letras.
Free style (estilo livre): trabalho livre, improvisado.
Throw-up (vômito), ou ‘grapicho’: estilo de rápida execução, conhecido por usar poucas cores contrastantes, geralmente duas.
Cap: o bico da lata. Existem varios tipos, podem soltar um jato fino (skin cap, ou skinny) ou largo (fat cap ou hardcore).
Fanzine (abreviação de fanatic for magazine: fanático por revistas): revista produzida de forma independente, geralmente fotocopiada, que funciona como veículo de comunicação entre os grafiteiros.
Flick: uma foto de grafite.
Outline e powerline: linha de contorno que pode remeter a certos efeitos próprios da linguagem dos quadrinhos.
Piece: grafite realizado com primor ou que ocupa uma àrea delimitada.
Piece Book: livro com desenhos, tags e rascunhos do grafiteiro.
Toy (brinquedo): expressão utilizada para indicar um principiante ou alguém que grafita apenas por moda.
Whole car: grafite que ocupa a façhada inteira do vagão. Pode ser de cima abaixo (top to top) e de fora a fora (end to end).
Wild style (estilo selvagem), ou tribal: estilo complexo, agressivo, composto por letas entrelaçadas entre si através de setas e traços retorcidos. Característico da old school, o wild style é considerado um dos estilos mais difíceis de se fazer.
Loucurinhas
Grafite, do italiano graffiti, que é plural de graffito, que significa "marca ou inscrição feita em um muro", que é o nome dado às inscrições feitas em paredes desde a pré-hitória e no Império Romano.
Grafite, que é artes plásticas, que surgiu na década de 70, que era forma de protesto e rebeldia, que está ligado ao movimento hip-hop, que não tem essa de museu não, é pintura feita em muros e paredes na rua, bem democrático, que interage com os moradores e com a arquitetura da cidade.
Grafite, que faz pensar, que é crítico, que é protesto, que comunica, que não é vandalismo, é arte.
Grafite, que também é um sólido, opaco, macio e condutor, que era usado pra fazer pinturas no corpo, em cerâmicas e em desenhos nas cavernas.
Grafite, que é formado por carbono, mas carbono amorfo, carbono que é parte química de todos os seres vivos, carbono que vem do latim carbo, que significa carvão.
Carvão, que era usado para escrever na parede das cavernas, que também foi usado para escrever nos muros das cidades, que deu origem ao Grafite.

Alexandra Duarte

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Coleção - BH. A cidade de cada um


"Uma cidade é cheia de lugares, paisagens, referências, espaços públicos e pontos de encontro. Cada um deles tem pequenas e grandes histórias, personagens reais e imaginários, peculiaridades, fatos marcantes, enfim, um conjunto de elementos que constitui a memória coletiva, um patrimônio de todos os seus habitantes e das futuras gerações.

A coleção BH . A Cidade de Cada Um reúne esses pequenos fragmentos e, a partir deles, compõe um grande mosaico que, ao valorizar o passado, ajuda também a entender a grande metrópole dos dias atuais. Os autores são definidos em função de sua profunda identidade com o tema dos livros.

Não há compromisso com o rigor histórico e sim com a memória afetiva de cada um: uma viagem sentimental que revisita cenários, conta casos curiosos, lembra pessoas, lugares, aromas e sabores. Uma visão pessoal que vai se somar a muitas outras reunidas no site BH de cada um, onde as pessoas podem relatar as suas histórias sobre cada tema"



Esse projeto existe desde de 2004. Estes são os livros já publicados:

2008
Caiçara . Jorge Fernando dos Santos
Carmo . Alberto Villas
Lourdes . Lucia Helena Monteiro Machado
Cine Pathé. Celina Albano

2007
Pampulha. Flávio Carsalade
Sagrada Família . Manoel Lobato

2006
Praça Sete . Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Livraria Amadeu . João Antonio de Paula

2005
Rua da Bahia . José Bento Teixeira de Salles
Fafich . Clara Arreguy
Parque Municipal . Ronaldo Guimarães

2004
Lagoinha. Wander Piroli
Mercado Central . Fernando Brant
Estádio Independência . Jairo Anatólio Lima


Eu já estou curiosa para ler sobre a Fafich e sobre o Caiçara. =D

Ana Flávia

Brothers in Arms - Exposição em BH

Cinco designers e artistas urbanos de diversas partes do mundo (Nova Iorque, França, Inglaterra, São Paulo e Los Angeles) se juntam para uma exposição em Belo Horizonte. Inauguração da exposição na Galeria dia 23 de agosto, as 20h:

DJs: Feliz. Garrell
Entrada Grátis.

Rua Teixeira Mendes 252 (Cidade Jardim).
www.mini-arte.com
www.thunderdogstudios.com (Site dos expositores)





Postado por Rafael Cerqueira

Reportagem na FSP sobre o trabalho do fotógrafo JR


Imagens de conflito Fotógrafo francês J.R. fala à Folha sobre projeto que já passou pela África e agora estampa retratos de moradores em fachadas e muros do morro da Providência, no Rio

ADRIANA FERREIRA SILVA

ENVIADA ESPECIAL AO RIO



Nos últimos dias, o morro da Providência, no Rio, voltou a ser notícia. Mas agora a atenção da imprensa não se voltou para um caso de polícia, como o chocante episódio de junho: eram de lá os jovens entregues à morte por militares a traficantes de um morro vizinho.
No noticiário de agora, o tema são as fotos em preto-e-branco gigantescas que, de um dia para o outro, cobriram encostas e fachadas de casas ao longo do morro. De longe, olhos arregalados destacavam-se em expressões marcantes, encarando quem passava lá embaixo, na avenida Brasil.
O autor das imagens, o fotógrafo francês J.R. (ele não revela o nome completo), fugiu dos pedidos de entrevista. Sobre ele, só quem soube foram os moradores do morro. Assim como chegou, foi-se.
No seu último dia de trabalho na Providência, no sábado, J.R., enfim, falou à Folha: "As estrelas são os personagens que aparecem nas fotos, os que cederam suas casas. Se eu ficar aparecendo, dando depoimentos, o foco deixa de ser o trabalho."

Heroínas
O rapaz de 25 anos -que atualmente tem uma de suas fotos gigantes em exibição na parede externa da Tate Modern, em Londres (onde estão também os grafites dos brasileiros osgemeos), e cujas obras fazem parte de coleções como a do artista inglês Damien Hirst- incluiu o Brasil em "Women Are Heroes" (mulheres são heroínas), projeto que já passou por países como Sudão, Serra Leoa, Quênia e Libéria. Daqui, ele segue para Índia, Camboja, Laos e Marrocos.
A idéia por trás do trabalho é simples: retratar personagens que moram em áreas de conflito destacadas pela mídia e tentar mostrar o outro lado.
"A clássica imagem das mulheres africanas na imprensa é a de pessoas muito tristes, vivendo em extrema pobreza", descreve. "Quando vamos até lá, descobrimos que elas passam por tudo isso com extrema dignidade. A maioria dos homens morreu na guerra e elas estão à frente da comunidade, lutando por suas famílias."
Sua intenção ao fotografá-las, e imprimir os rostos em lambe-lambes de grandes dimensões, é desconstruir esse estereótipo. Esse mote é o mesmo de dois projetos anteriores.
O objetivo secundário, mas não menos importante, diz J.R., é criar em lugares onde não existe arte. "A situação na Monróvia, capital da Libéria, é caótica", lembra J.R. "A principal ponte está partida ao meio, não há policiamento. Eles estão completamente abandonados à própria sorte. Quero levar arte a locais como esse."
As reportagens sobre os três rapazes assassinados levaram J.R. a inserir o morro da Providência em sua rota, mas outras informações contribuíram para a escolha. "Descobri que essa era a primeira favela do Brasil, e, por fim, que ao contrário de outros morros, não há nenhum centro cultural aqui", descreve o francês.
Com a ajuda de Maurício Hora, 39, fotógrafo nascido e criado na favela, J.R. passou um mês subindo e descendo ladeiras na Providência, acompanhado de uma equipe que incluía ainda dois fotógrafos e um videomaker -este último, Ladj Ly, integra o time que fez o polêmico videoclipe de "Stress", da dupla francesa Justice.
Além da exposição a céu aberto, o trabalho inclui um registro fotográfico de todo o processo e um documentário. Parte do material já está nos sites www.womenareheroes.be e www.jr-art.net/.
Entre as retratadas, estão duas mulheres ligadas ao episódio que envolveu o Exército. Rosiete Marinho, 45, foi quem evitou que um quarto rapaz fosse levado pelos militares.
"Eles me tiraram de uma grande depressão", fala a cozinheira, encarregada de "cuidar" da equipe. "Me senti realizada de ganhar amigos de tão longe. Nunca vou esquecer."
A outra, cuja imagem ficou estampada nas escadarias da favela, é dona Benedita, 68, avó de David da Silva, um dos rapazes assassinados no episódio. "Sou uma heroína sim. Desde que meu neto morreu, estou lutando para resistir. Perdi um pedaço de mim."
As duas estavam entre outras mulheres que, no sábado à noite, se reuniram em uma calçada da favela para assistir à projeção das imagens e se despedir do "francês".
A sessão terminou em samba. Com churrasco e muita cerveja.

NA INTERNET
www.folha.com.br/ilustrada
leia mais depoimentos na Folha Online


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1908200808.htm

postado por Rafael Cerqueira

Strangers

Publico um curta-metragem que pode nos ajudar a situar nossas discussões sobre a interculturalidade - os espaços urbanos e as relações que se estabelecem a partir do encontro entre diferentes culturas.

http://www.youtube.com/watch?v=RpjHSiQLPmA

Bom proveito!
Milene Migliano

sábado, 16 de agosto de 2008

Cultura e arte como arma para a emancipação humana


Tenho preconceito com essa coisa de "hibridização cultural", na medida em que muitas manifestações pouco trazem de crítico, de profundo. Vejo a cultura não só como responsável pela identificação e inserção do sujeito na “sua” sociedade, mas principalmente como um mecanismo de autoconscientização e autoexteriorização do ser-humano, algo que pode fazê-lo desfetichizar-se, desalienar-se. Nesse sentido, não vejo com bons olhos manifestações como o funk, o axé e o futebol. Fenômenos de massa (diga lá populares) dificilmente trarão elementos críticos, análises profundas; de modo que não contribuem para essa identificação do ser-humano com sua espécie, com sua situação; não contribuem para que o ser-humano tenha percepção do todo, o que pode ser, a meu ver, alcançado pela arte. E, essa arte, não é outra senão a arte considerada "erudita" - a boa literatura, a boa música, a boa pintura, a filosofia. Visão essa adorniana, por muitos consideradas elitista. E de fato, o é. Eu, me perdoem, não consigo ver utilidade intelectual (que, para mim, deve ser o ideal de toda manifestação cultural) nos fenômenos de massa (pelo menos nos brasileiros). É uma visão meio marxista ortodoxa (não "ortodoxa” no sentido de stalinista – a burocracia estatal stalinista só permitia manifestação cultural (popular ou erudita) se ela estivesse vangloriando o governo – mas “ortodoxa” no sentido de que a emancipação humana passa pela universalização da arte enquanto justamente um modo do homem se emancipar e entender o mundo profundamente). Relaciono muito cultura com arte, como pode se ver. E acho que temos que relacionar a cultura com o fato mesmo de “ser culto” (e, como diria José Martí, “ser culto é a única maneira de ser livre”). Isso porque o capitalismo tende a, cada vez mais, unificar as diversas culturas em torno da cultura consumista. Então, a arte virou consumo (e consumo “bestializado”, que promove prazer efêmero, e nada contribui para a supracitada autoconscientização e autoexteriorização do ser-humano, ou nem mesmo para a humanização do ser-humano. A propósito, é mesmo isso, a arte – e, por extensão, a cultura – serviria, em última análise, para a independência e superioridade do homem em relação à natureza). A “desartificação da arte” (Adorno e Horkheimer, em Dialética do Esclarecimento) rebaixa o homem novamente à condição de “igualdade” com a natureza. Os prazeres efêmeros de nosso povo, como funk, axé, futebol, banalização do sexo e da violência, são “atividades” sumariamente “corporais”, e pouco ou nada “intelectuais”. E boa parte da “arte” reconhecida pela sociedade consumista também comunga desse “naturalismo”. Para citar um exemplo(vide algumas em http://pro.corbis.com/search/searchFrame.aspx): Ron Mueck, um artista plástico australiano que faz esculturas de pessoas (em tamanhos variados) quase perfeitas. É considerada uma grande arte moderna, grande aplicação da técnica, mas esse “quase perfeitas” mostra, por si só, que a imperfeição de suas representações o fazem “perder” da natureza, pois essa consegue “representar” os humanos e demais objetos “perfeitamente”. Sempre que vou tratar de cultura me delineio, me enveredo (para usar Guimarães Rosa) pelo caminho da arte. Vejo que a existência de um sujeito, e as suas relações (mesmo que cotidianas) lhe garantem um determinado conhecimento de mundo (entre duas pessoas que não lêem, a que se relaciona com mais pessoas e conhece mais lugares tem, teoricamente, um conhecimento de mundo mais aprofundado). Mas é também, e sobretudo, a partir da arte que se pode conhecer o mundo e as relações humanas profunda e criticamente em sua totalidade, livre de amarras ideológicas. Desculpem, mas por esse caminho “cultural-artístico” consigo defender melhor essa minha posição “marxista ortodoxa”, e até porque também acho que as “culturas” enquanto identidades de determinados povos ou etnias se restringem a poucos grupos remanescentes, como índios ou aborígenes. Falar de uma “cultura brasileira”, ou uma “cultura latino-americana” acho, em virtude da globalização e do neoliberalismo, forçado, até porque mesmo no caso de enquadrar a cultura como significativo tradicional de um determinado povo, ela representa a necessidade do sujeito em se identificar, e, identificando-se, se situar, podendo, então, ter senso crítico sobre suas funções e seus atributos e sobre as funções e atributos de seus semelhantes. Situar um sujeito na cultura de um determinado país não pressupõe, ao contrário de um indígena, que ele se identifique enquanto tal e tenha percepção da totalidade em que se está inserido. Então, creio que o que se faz ‘mais’ necessário é que prezemos pela busca incessante de ser culto (o que inclui conhecer e entender outras culturas). Só assim (o que não é possível ‘apenas’ pela identificação com sua determinada cultura) o ser-humano pode se emancipar em relação à qualquer doutrinação ideológica. Perdoem-me um último preconceito (pré-conceito mesmo), pensemos em um brasileiro “típico”: funcionário público ou de alguma empresa que ganha entre um e três salários mínimos para fazer algum serviço relativamente importante (num todo, na medida em que sem tal – com uma greve de seu setor, por exemplo – o funcionamento da instituição para a qual trabalha está comprometido) mas menosprezado. Reclama (consigo mesmo, diga-se de passagem) de seu serviço, mas, com medo do desemprego ou de um emprego ainda pior remunerado, se apega à ele e provavelmente nele permanecerá por toda sua vida. Não lê (para não dizer nunca leu) – a não ser a Bíblia e algum jornalzinho popular –, gosta das músicas da moda, quando em casa sempre está vendo TV e, sobretudo, ama futebol – o qual acompanha diariamente e, por vezes, vai ao estádio torcer por seu time. Não se importa com política e, apesar de ter vontade em prestar algum concurso público, não tem condições psicológicas e mesmo materiais para se dedicar ao estudo. PERGUNTA-SE: esse sujeito tem cultura? A cultura dele não seria não ter cultura? É essa “cultura capitalista do médio oprimido” que representa o brasileiro, mas, ora, isso é cultura?
Por último, já que a professora falou umas duas vezes no Gramsci, gostaria também de passar por ele. Aquela sua idéia – apontada em Concepção Dialética da História, mas melhor defendida em Cadernos do Cárcere – de sociedade política e sociedade civil, e, dentro disso, da capacidade de uma determinada classe subalterna em conquistar a hegemonia na sociedade civil mesmo sem antes de conquistar a hegemonia na sociedade política, pode sair em defesa da visão dos Estudos Culturais da América Latina. Nesse sentido poderíamos vislumbrar que as variadas manifestações populares com algum viés político (hip hop, rap, mídias comunitárias, grafite, etc) poderiam conferir aos oprimidos uma relativa inserção na sociedade como um todo, a partir da exteriorização de seus problemas, de suas faculdades artísticas, de suas vontades, de sua, enfim, estética. Muito embora eu tente comungar dessa visão gramsciana, vejo que no Brasil – pelo menos no Brasil – as coisas não são assim tão simples, e a participação nas estruturas de poder (e, então, nos aparelhos ideológicos dominantes) é definitivamente vetada para uma participação soberanamente popular. Manifestações como essas supracitadas têm importância, mas para um ou outro grupo específico, uma ou outra comunidade específica. Não representa, como por vezes se acha, que os pobres estão, de alguma maneira, conquistando hegemonia na sociedade civil. São manifestações frágeis e pequenas, que só teriam chance de ganhar algum espaço na grande mídia e nas grandes instâncias de poder caso não trouxessem uma perspectiva profundamente crítica; e, então, estariam em conluio com as hegemonias dominantes.


P.S.: A foto é do novo disco do DJ e produtor Sérgio Costa, que ficou conhecido como MC Creu após o sucesso da Dança do Creu. A foto está em http://www.hagah.com.br/jsp/default.jsp?newsID=DYNAMIC,com.rbs.hagah.EventDetailsDataServer,detalhes&template=3055.dwt&uf=1&local=1&regionId=1&ingrid=338738&date=3&category=&region=C1&query=cr%C3%A9u

"A cara da favela"

Lendo o jornal Estado de Minas de sexta-feira, dia 15, logo na segunda página do caderno principal, na sessão "E ainda..." me deparei com uma foto que me chamou atenção e logo me fez lembrar do blog.
A foto mostra o trabalho do fotógrafo frânces JR realizado na favela Morro da Providência, do Rio de Janeiro. Busquei mais informações na internet sobre o artista e encontrei essa postagem, no blog http://www.rodadamoda.com/post.php?id_post=193

O fotógrafo francês JR, é um jovem de 25 anos que escolheu as ruas de várias cidades ao redor do mundo como sua principal galeria e os ocupa para expor suas fotos de alto teor social em dimensões gigantes, como grandes intervenções urbanas.

Auto-intitulado um Artivista (artista+ativista), JR realiza retratos sempre relacionados a temas como: engajamento social, liberdade e identidade. Seus retratos são todos em P&B, para que não sejam confundidos com peças publicitárias e suas "cores agressivas" (palavras do fotógrafo).

Em sua primeira exposição "Retratos de uma geração” (2004), o fotógrafos colocou fotos imensas de jovens moradores da periferia de Paris, em intervenções em seus próprios bairros.

Em 2007, realizou o projeto “Face 2 Face”: uma provocação política onde colocou em 8 cidades israelenses e palestinas fotos onde pessoas das duas nacionalidades posando juntas.
Ainda dentro desse projeto, realizou em regiões de conflito na África, como Libéria e Serra Leoa, fotos sobre as mulheres daquelas regiões e suas histórias de dor, na intervenção intitulada “ Mulheres são heroínas”.
Em 2008 e 2009 pretende realizar projetos semelhantes na Índia e outras partes da Ásia.

JR participou de outros eventos de arte de rua ao redor do mundo, sempre com seus retratos em P&B de proporções gigantes, expondo em várias cidade do mundo como: Londres, Espanha, Genebra, Amsterdã, Berlin, Estocolmo, Nova Iorque, entre outros. (Em alguns dos casos, as fotos foram colocadas sem autorização local, como uma performance "marginal")

Durante uma semana em junho/08 participou da coletiva “Street Art Exhibition” nas paredes externas da Galeria Tate Modern, em Londres, mais uma vez, com uma foto provocativa em P&B onde a princípio pensamos se tratar de um homem negro nos apontando uma arma, que na verdade é uma câmera.

Nste ano de 2008, JR esteve no Brasil realizando fotos e intervenções em São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio, seus trabalhos podem ser vistos no Morro da Providência e no Complexo do Alemão, onde foram fotografados os próprios moradores.

Nas palavras do próprio fotógrafo: “essas colagens são instantes que revelam a cultura que nos envolve. Colando minhas fotos nas ruas, a arte se instala em frente ao espectador. Quero com isso mostrar às pessoas como elas são, com a sua violência, sua sensibilidade e claro, sua energia”.

Mais informações sobre JR no site oficial do fotógrafo http://www.jr-art.net/. Ele é em francês, mas quem não fala a língua dá pra conferir as fotos de seus trabalhos.

Muito interessante! Vale a pena dar uma olhada.

Ana Cláudia Paschoal

Che e a camisa do Che

durante a discussão "Che-camisa- sentido", lembrei- me dessa foto que tirei de um grafitti visto nas ruas de Copenhague. Nem precisa de comentários,não é mesmo?
ass:Lene Andino

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Intervenção nos cds de Paris Hilton
















Olás,

Segue o caso dos cds da Paris Hilton no youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=IqQYVKSmugc


É uma intervenção de Banksy.

Banksy é um dos mais conhecidos artistas de rua do mundo. Nascido em Bristol, Reino Unido em 1975 seus stencils são facilmente encontrados nas ruas de Londres. Iniciou aos 14 anos, foi expulso da escola e preso por pequenos delitos[1] .

Não se sabe sua identidade, não costuma dar entrevistas e fez da contravenção uma constante em seu trabalho, sempre provocativo. Os pais dele não sabem da fama do filho: "Eles pensam que sou um decorador e pintor".

Recentemente, ele trocou 500 CDs da cantora Paris Hilton por cópias adulteradas em lojas de Londres, e colocou no parque de diversões Disney uma estátua-réplica de um prisioneiro de Guantánamo.

Sua obra é carregada de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder.

Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade.

Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reação de um observador frente a uma de suas obras será o riso. Espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras.

(informações retiradas do site Wikipedia)

Até,

Milene Migliano
p.s. valeu Pafy!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Livro "Mídias comunitárias, juventude e cidadania"

Esta semana ganhei de uma amiga querida o livro "Mídias comunitárias, juventude e cidadania",cuja organizadora, Rafaela Lima, é formada em comunicação pela UFMG. O livro é integrante da Coleção Comunicação e Mobilização Social e mostra a experiência bem sucedida da Associação Imagem Comunitária (AIC) e seu projeto Rede Jovem de Cidadania, relacionando-a a conceitos como pluralidade, cidadania e comunicação participativa como ferramentas para a transformação social. Achei o livro interessante especialmente por retratar um projeto implantado na região metropolitana de Belo Horizonte e que se reverbera em todo o estado de Minas Gerais. Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a Associação (assim como eu ainda irei fazê-lo), além do livro, há também um site: http://www.rede.aic.org.br/
É isso então..
um abraço a todos!!
Carla Pedrosa

Link para intervenção urbana de Blublu

olás,
este é o link de uma wall painted animation em Buenos Aires.
http://www.youtube.com/watch?v=uuGaqLT-gO4

e outros trabalhos do interventor:
blublu.org

Milene Migliano

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Comentário sobre o texto: Cultura extraviada nas suas definições---Nétor Gárcia Canclini

Os signos e a cultura contemporânea

Definir cultura sempre me pareceu, no mínimo, um processo complexo. Com o conhecimento de um leigo, definimos cultura como um processo, é parte do contexto social, no entanto, voltado para expressões artísticas. Esse é o primeiro conceito ao qual Canclini se contrapõe no seu texto "Cultura extraviada nas suas definições". Fiquei curiosa, logo de início, não pela surpresa de contrapor-se a um conceito que limita cultura enquanto uma prática refinada e separada do resto do contexto social, mas por propor uma definição sociossemiótica da mesma.
Depois de ter estudado em Teorias da Comunicação e agora neste texto, percebi que o fato de estarmos, na América Latina fora do ciclo dos países mais desenvolvidos e dominantes permite aos teóricos uma visão mais abrangente.
O movimento que Canclini realiza é de apresentar suas críticas às concepções mais comuns da palavra para depois falar de suas dimensões mais amplas. Também recupera no conceito que é apresentado por ele algumas idéias presentes nos conceitos que considera incompletos. A oposição de natural/cultural foi para mim um ponto de partida. Primeira distinção do que é cultura: aquilo produzido pelo homem. Para delimitar melhor uma outra oposição: cultura/sociedade. A sociedade é um conjunto de estruturas que organizam e realizam a distribuição dos meios de produção e do poder entre indivíduos e sujeitos. Nesse ponto pensei em destacar uma observação. A cultura é um componente do contexto social, porém se encontra em constante movimento. Muda conforme o país, a região, a época e atualmente, sofre um processo para que possa ser entendida sobre duas vertentes: a do particular e a do global. Por isso é de extrema pertinência utilizar comparações para que uma melhor definição possa ser apreendida.
Seguindo na definição que conduzirá a uma relação direta com a semiótica temos a contribuição de Jean Boudrillard que diferencia quatro tipos de valores na sociedade. E é claro que sabendo que a cultura, qualquer que seja ela, se baseia em conjuntos de valores, então tais valores influem diretamente em seu conceito.
Os valores reconhecidos por todos nós dentro de um contexto capitalista são o uso e o de troca que, portanto, dispensam explicação. O interessante de notar nos outros dois é que dificilmente se dissociam de nossa atualidade. São os valores de signo e de símbolo. O primeiro, creio que seja mais perceptível dentro de uma sociedade de consumo. Afinal, diz respeito a um conjunto de significações possíveis de um objeto, um bem de consumo do ponto de vista de um status e é capaz de refletir a posição social dos sujeitos. É no âmbito do valor signo que são construídas as propagandas publicitárias. O outro valor de Boudrillard é o símbolo que pelo que entendi é de certa forma afetivo. O valor é conferido pela maneira como foi adquirido o bem, ou seja, quem o oferece ou a quem remete ou faz lembrar. Feitas as definições, fica esclarecido que esses dois valores não se enquadram na materialidade do objeto e logo remetem a uma questão que escapa à econômica. Agora sim, chegamos ao centrol do texto a cultura é quem rege tais valores.
Um questionamento que faço nesse ponto é: será que sem a sociedade contemporânea ( propagandas, cinema fotografia) a semiótica teria se desenvolvido? Ou ela é a ciência que cresce nessa conjuntura de significações e re-significações possíveis atualmente?
Então, a cultura é o que confere sentido às diversas práticas sociais. Para finalizar essa preposição, que depois do percurso do autor parece evidente, cabe especificar como se dá tal inserção. Já que a cultura está presente no reconhecimento cognitivo do mundo podemos dizer que ela está em todo lugar. Há cultura não só em espetáculos de dança e no vestuário, mas também nos hábitos do trabalho, na hierarquia de poder dentro de uma instituição e creio eu mesmo na economia a administração estatal. Porém esse ponto ainda é de uma nebulosidade (o termo aparece na falta de um melhor) entre os teóricos. A grande distinção não se fará pela presença ou não da influência da cultura, mas pela "quantidade", ou seja, a porção de conteúdo que é cultura em comparação com outros.
Para mim nesse breve comentário busquei sintetizar que a cultura está em constante redefinição. Isso porque são vários fatores que a compõe e os quais ela também ajuda a construir. Uma outra ressalva é a de que conceituar a cultura como fez Canclini só foi possível devido à percepção dela e suas práticas aos olhos de várias épocas e principalmente da atualidade. É na globalização que observamos o surgimento do intercultural, onde várias culturas se misturam e se relacionam. Do mesmo modo que sugere, Canclini não soluciona a questão, ele fala de um "cultural" que será mais abrangente que a cultura, porém ainda confuso. Acho que a questão que fica para ser pensada é ainda podemos falar de cultura de um povo, uma nação? Se podemos até quando ela existirá? A globalização será capaz de conduzir condensar as diferenças. Sem dúvida continuarão existindo diferenças entre as nações e regiões, o que pode mais uma vez transfigurar-se é o conceito de cultura.
Talvez seja permitido dizer que a cultura é da ordem da terceiridade, remete a um referencial, um código conhecido e re-conhecido pelos indivíduos de uma dada sociedade. Dentro de tais regras a rama de significados encontra-se em constante transformação, podendo re-significar sempre.
Alexandra Duarte

Exposição sobre paisagens urbanas

Passeando por aí, achei a exposição Urbs et Orbis, do artista plástico alemão Rolf Behm. O tema da mostra é paisagens urbanas.
Apesar das telas retratarem o Rio de Janeiro e a cidade de Berlin, acho que tem um pouco a ver com nossa disciplina.
No link acima vcs irão encontrar mais informações sobre a exposição, o artista e tudo mais.

Bom, é isso.
Abraços a todos! =)
Ana Flávia

domingo, 10 de agosto de 2008

Comunicação e Culturas Urbanas

Esse blog se estrutura na disciplina Comunicação e Culturas Urbanas, no curso de Comunicação Social da UFMG, segundo semestre de 2008. Contará com postagens de toda a turma, sempre levando em consideração as discussões acerca das relações entre comunicação e cultura - contribuições do pensamento latino-americano; as narrativas identitárias e centros urbanos - as cidades como lugar da experiência comunicativa; e os processos comunicativos como práticas culturais urbanas.

Milene Migliano