quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bienal do Grafitti


Ineditismo e experimentação dão o tom da Primeira Bienal Internacional de Grafite de Belo Horizonte
Promover discussões, refletir sobre o espaço da arte na contemporaneidade e formar novos talentos. Esses são alguns dos motes da I Bienal Internacional de Grafite de Belo Horizonte( BIG – BH), que acontecerá entre os dias 30 de Agosto e 07 de Setembro, na Serraria Souza Pinto. Coordenada pelo artista plástico Rui Santana, a bienal, única do gênero no mundo, traz em sua programação seminários, workshops, exposições e intervenções urbanas.
Com atrações vindas dos quatro cantos do mundo, que incluem países como Inglaterra, Holanda, Japão, Alemanha, Chile, Porto Rico e Estados Unidos, o evento mostrará o que vem sendo produzido nos cenários nacional e mundial do grafite, através de exposições e discussões de temas relacionados à área, como criatividade, identidade e cidadania.
Para a realização da I BIG – BH, a Serraria Souza Pinto irá se transformar em uma grande galeria, com desenhos, pinturas, stencils e stickers. Para o coordenador Rui Santana, “Belo Horizonte é propícia para abrigar um evento desse porte, pois a cidade vem se construindo culturalmente e é uma grande geradora de talentos. Nas artes plásticas temos uma grande tradição, e a cena do grafite - que é fortíssima na capital - cresce em ética e estética com diversos projetos, sendo que grande parte deles beneficiam comunidades”, completa Santana.
EXPOSIÇÕES:
Ao todo, serão quatro exposições:
1. Diálogos - Pretende incentivar o diálogo entre artistas plásticos com formação acadêmica e grafiteiros com uma trajetória de aprendizado ligado ao universo da rua.
2. Trajetória do grafite no Brasil das ruas até o acervo do Museu Histórico Abílio Barreto - Tem como objetivo fornecer ao espectador uma ampla visão da história do grafite no Brasil, dos primeiros registros até os
dias atuais. Além de obras em grafite, esta exposição abrigará uma mostra de fotografias e vídeos relativos ao tema.
3. A Grande Arte - Exposição com grafiteiros do Brasil e do mundo com trabalhos que expressem a importância do grafite como arte contemporânea.
4. Arte de rua – Objetos e derivações – Trazer para o universo da galeria, artistas com um trabalho sistemático, que usam a rua como sua principal matéria.
SEMINÁRIOS
Proporcionar a educação nas artes e, através dela, possibilitar aos cidadãos ferramentas para que eles possam olhar criticamente o que vêem e escutam. Com essa tônica, os seminários irão levantar questionamentos inerentes ao mundo das artes, como, por exemplo, a preferência por iniciativas individuais em detrimento daquelas de cunho coletivo.
Durante a I BIG-BH serão realizados cinco seminários:
1. O Novo Muralismo e suas abordagens históricas
Data: 1º de setembro
Conferencistas: Vera Casanova – BH
Charbelly Estrella – RJ
Saulo di Tarso – SP
2. Criatividade, grafite e cidadania
Data: 02 de setembro
Conferencistas: José Márcio Barros – BH
Roberto Carlos Madalena – BH
José Marcius - Projeto Guernica - BH
3. Grafite, design, publicidade e arquitetura
Data: 03 de setembro
Conferencistas: Flávio Negrão – BH
Eduardo Braga – BH
Edmundo Bravo (Didi) - BH
Leonardo Tavares (Leo Lobinho) - BH
4. Grafite como identidade do século XX e XXI
Data: 04 de setembro
Conferencistas: Julia Portes – BH
Juarez Dayrell – BH
José Coelho de Andrade Albino - BH
5. Vandalismo, arte marginal ou nova estética?
Data: 05 de setembro
Conferencistas: Sônia Assis – BH
Elisa Campos – BH
Bernardo Matta Machado – BH
Walter Tada Nomura (Tinho) - SP
ATELIÊS ABERTOS
Com curadoria do professor de arte Geraldir Bernardino e do grafiteiro Nadu Soares, os ateliês abertos irão devolver às ruas aquilo que lhe é de direito. Mais de 300 artistas, selecionados através de edital, e também alguns convidados irão se reunir para, em conjunto, realizar intervenções na cidade de Belo Horizonte. E como o grafite faz parte também de uma cultura maior que é a do Hip Hop, outros pilares - djs, rap, mc´s e dança de rua – também participarão da intervenção.
PROGRAMAÇÃO CULTURAL
O cenário do grafite é feito de cores, luzes e, principalmente, sons. Os “barulhos” da cidade se misturam aos ícones urbanos, de forma a expressar as pequenas revoluções que a sociedade enfrenta a cada dia. “A trilha sonora desse espaço-tempo se volta para o fugaz, o experimental, e expõe crônicas dos vários mundos e vidas que coexistem na cidade.” afirma a curadora de música Áurea Carolina Freitas. A música, nesse contexto, surge como meio de manifestação, diversão, encontro e expressão coletiva.
Uma das propostas da I Bienal Internacional de Grafite é unir grafite e música, promovendo um encontro entre linguagens distintas que, juntas, proporcionam uma nova percepção do ambiente. Foram convidados artistas independentes da Grande Belo Horizonte que, à sua maneira, dialogam com o universo urbano atual. Na mistura, estilos como rap, ragga, breakbeat, drum’n’bass e dub se juntam em intercâmbios sonoros. Assim como na rua, a paisagem se (con)funde em tradições e pós-modernidade.
Na programação, a música aparece em apresentações de grupos e performances de DJs e VJs, abrindo espaço para dança, improvisações e participação direta do público. Na parte da manhã DJs de vários estilos serão os responsáveis pela trilha sonora da exposição, fazendo com que tanto a presença do visitante influencie na sua apresentação, quanto a música na percepção da arte.
Durante a noite, quem comanda a festa é o mestre de cerimônias (MC) MC Monge, que contará também com shows, performances de DJs, VJs e Mcs, todos escolhidos segundo sua relevância no cenário musical, cultural e social belo-horizontino. A programação apresenta um leque variado, indo do Samba de Aline Calixto ao Funk do Quarteirão do Soul, passando pelo duelo de Mcs que, numa edição especial, atravessa a rua e se transfere para a Serraria.
No Duelo, será feito um sorteio entre oito inscritos e as disputas serão divididas em eliminatórias, semifinal e final. Nessas etapas, cada MC ataca e se defende dos ataques do adversário em rounds de 45 segundos. Caberá ao público presente escolher os vencedores através de gritos e salvas de palmas. Ao lado das pelejas improvisadas, o Duelo abre espaço para artistas do Hip Hop e também de outros estilos se apresentarem em mini-shows.


Acho que vale a pena conferir no site tem as informações completas: http://www.bigbh.com.br/bigbh/2008/htms/index.asp

Acho que o evento é um exemplo da hibridação cultural que fala o Canclini. A bienal é uma conquista de espaço do graffiti, uma mostra de reconhcimento como uma ocupação legítima do espaço urbano.

Aqui vão mais informações sobre o Graffiti:


Origens
O termo graffiti tem sua origem em graffiti, palavra italiana inicialmente usada para se referir às inscrições gravadas na pré-história e na Roma Antiga. Nos anos 70, no entanto, seu significado começou a ser empregado para indicar as modernas pinturas feitas com tinta spray, transformando-se em um símbolo da rebeldia juvenil da época.
Quase quatro décadas depois, o grafite mantém suas características subversivas e sua força comunicativa, tornado-se um movimento organizado dentro das artes plásticas. Arte sobretudo democrática, seu palco é o espaço urbano, onde através de uma linguagem crítica e expressiva, a arquitetura, o grafite e o público interagem nas ruas da cidade.
Gírias
O graffiti mantém um vocabulário próprio, com termos específicos que são compartilhados por grafiteiros de diversos países do mundo, envolvendo atitudes, moda e estilos.
Tag: assinatura do nome ou apelido do grafiteiro. ‘Presa’, presença.
Bomb (bombardeio): produção intensa e maciça de escritas.
Bullet (boleta): letras arredondadas e ‘infladas’.
3D: o grafite tridimensional é, talvez, o estilo mais cobiçado entre os grafiteiros da new school. Explora o efeito tridimensional para dar volume a desenhos e letras.
Free style (estilo livre): trabalho livre, improvisado.
Throw-up (vômito), ou ‘grapicho’: estilo de rápida execução, conhecido por usar poucas cores contrastantes, geralmente duas.
Cap: o bico da lata. Existem varios tipos, podem soltar um jato fino (skin cap, ou skinny) ou largo (fat cap ou hardcore).
Fanzine (abreviação de fanatic for magazine: fanático por revistas): revista produzida de forma independente, geralmente fotocopiada, que funciona como veículo de comunicação entre os grafiteiros.
Flick: uma foto de grafite.
Outline e powerline: linha de contorno que pode remeter a certos efeitos próprios da linguagem dos quadrinhos.
Piece: grafite realizado com primor ou que ocupa uma àrea delimitada.
Piece Book: livro com desenhos, tags e rascunhos do grafiteiro.
Toy (brinquedo): expressão utilizada para indicar um principiante ou alguém que grafita apenas por moda.
Whole car: grafite que ocupa a façhada inteira do vagão. Pode ser de cima abaixo (top to top) e de fora a fora (end to end).
Wild style (estilo selvagem), ou tribal: estilo complexo, agressivo, composto por letas entrelaçadas entre si através de setas e traços retorcidos. Característico da old school, o wild style é considerado um dos estilos mais difíceis de se fazer.
Loucurinhas
Grafite, do italiano graffiti, que é plural de graffito, que significa "marca ou inscrição feita em um muro", que é o nome dado às inscrições feitas em paredes desde a pré-hitória e no Império Romano.
Grafite, que é artes plásticas, que surgiu na década de 70, que era forma de protesto e rebeldia, que está ligado ao movimento hip-hop, que não tem essa de museu não, é pintura feita em muros e paredes na rua, bem democrático, que interage com os moradores e com a arquitetura da cidade.
Grafite, que faz pensar, que é crítico, que é protesto, que comunica, que não é vandalismo, é arte.
Grafite, que também é um sólido, opaco, macio e condutor, que era usado pra fazer pinturas no corpo, em cerâmicas e em desenhos nas cavernas.
Grafite, que é formado por carbono, mas carbono amorfo, carbono que é parte química de todos os seres vivos, carbono que vem do latim carbo, que significa carvão.
Carvão, que era usado para escrever na parede das cavernas, que também foi usado para escrever nos muros das cidades, que deu origem ao Grafite.

Alexandra Duarte

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