segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Exposição Lírica Urbana Provisória













Há um tempinho tenho visto nas ruas da cidade as telas do artista Estêvão Machado. O trabalho foi entitulado de Lírica Urbana Provisória. As telas estão atualmente naqueles abrigos de ônibus e retratam pessoas anônimas, transeuntes e usuários do transporte coletivo de BH.

O projeto é composto por aproximadamente 30 telas em formato digital para exposição nos pontos de ônibus, especialmente equipados com caixas de som que tocarão música lírica brasileira. (Não ouvi a música, mas tudo bem).

Consigo enxergar, a princípio, dois tópicos que tangem o trabalho de Estêvão Machado. O primeiro é a questão do anonimato permitido pelas metrópoles, as pessoas "comuns" que raramente olhamos com atenção e que parecem partes iguais de uma massa de habitantes que atravessa a avenida. Outra questão tem a ver com o conceito de arte (e da cultura como algo além do acadêmico e erudito) : o objeto retratado na tela é o ordinário, as pessoas "comuns", o trânsito, o cotidiano, a cidade.

Mas qual será a leitura que as pessoas têm de seu próprio retrato exposto ali no ponto de ônibus? Será que elas acham que é arte? Afinal, o artista escreveu (ou inscreveu) a sua leitura pessoal de Belo Horizonte. Nessa matéria do site da Cemig, ele explica o objetivo do trabalho:

"Estevão Machado explica que o objetivo da mostra é retratar a população brasileira por meio de flagrantes dos grandes centros urbanos, pintados em telas a óleo de grande formato. O pintor observa que pretende 'proporcionar um questionamento acerca de nossa identidade'.

Machado acrescenta, ainda, que busca a 'discussão sobre a ocupação do espaço público pela cultura de massa da sociedade de consumo e pelo poder econômico das leis de mercado'. 'Com uma proposta ousada e inovadora, o projeto visa levar a possibilidade de fruição estética e reflexão a setores da população que não usufruem normalmente de manifestações artísticas', destaca Machado."

Apesar de eu ter adorado o resultado visual do trabalho de Estêvão Machado, coloquei a última frase do artista em negrito porque achei que expressa um conceito de arte muito acadêmico e quase infeliz.

Raíssa Pena

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