Em “A Paisagem Urbana”, o cineasta Wim Wenders (Asas do Desejo, Buena Vista Social Club, dentre outros) discute, tendo como referência sua experiência no cinema, a relação existente entre as imagens e as cidades. Tal relação é delineada por Wenders como de extrema proximidade, talvez se desenvolvam paralelamente. À medida em que a cidade muda, que os pequenos espaços de refúgio que dão lugar aos arranha-céus que afugentam; a imagem também muda. Esta perde sua unicidade no contexto da expansão da tecnologia. A autoria individual dá lugar ao replicável e anômino. E é justamente no encontro da imagem com a cidade, na conformação das paisagens urbanas, que se evidencia tanto o desaparecimento do lugar do descanso em sua dimensão física, de um recanto em meio ao caos urbano, bem como em sua dimensão imagética, o lugar de repouso do olhar, uma imagem que se diferencie em meio à paisagem imponente e massificada das cidades.
Em seu texto, Wenders cita de maneira recorrente a cidade de Tóquio, como sendo esta uma cidade que em meio ao ruído urbano conserva ilhas de tranqüilidade. E essa observação me levou a dois vídeos (ambos disponíveis somente em inglês, infelizmente).
O primeiro é um trecho do documentário de Wenders, “Tókio-Ga” (1985), sobre o cineasta Yasujiro Ozu (Pai e Filha). Neste trecho (http://www.youtube.com/watch?v=rx3fvyWRQjE) Wenders conversa com o também cineasta alemão Werner Herzog (O Homem Urso) a respeito da pureza das imagens, observando Tókio do alto de uma torre. Para Herzog, restam poucas imagens para serem descobertas em meio às construções de uma grande cidade. Imagens adequadas, para Herzog, seriam aquelas em sintonia com a civilização, que ressonam o que há de mais profundo em nós.
O segundo vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=tZNJyogkAEw) é um trecho de um documentário britânico a respeito de Pequim. Neste trecho é tratada a intervenção urbana que precedeu as Olimpíadas e a maneira pela qual os centenários distritos e ruas tradicionais da cidade (hutongs) forçosamente vem dando lugar a novas estradas e modernos edifícios. À maneira das illhas de Wenders.
João Paulo Carvalho
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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