
Ao analizar o processo de metropolização, a fim de a transformação estrutural das cidades, depara-se com quatro dimensões em que as mudanças ocorrem. O espaço urbano torna-se um local de consumo, lazer e turismo – musealização - em que as pessoas já não tem vínculos diretos com o ambiente dentro das necessidades diárias. A descentralização da estrutura é acompanhada da fragmentação e apropriação do espaço público pelos interesses privados, que irão entrar em conflito a fim de ganhar legitimidade e reconhecimento na esfera pública. O gerenciamento desse espaço vai ser dado por critérios econômicos e competitivos. Nessa perspectiva, depara-se com o que o Walter Prgide chama de “Cidades dentro da Cidade”.
“Com isso tornam-se obsoletos termos como vida periferia, campo, centro; seus objetivos e usas relações precisam ser redefinidos: não existe mais um modelo uniforme de desenvolvimento urbano; o “centro” e a “periferia” são igualmente fragmentos de uma estrutura do espaço regional que se tornou policêntrica”(pag. 57)
Essa nova forma de configuração do espaço urbano, vai resultar em uma outra dimensão da mudança, que é a periferização do espaço central, resultado dessa nova forma de relacionamento com os centros. A idéia de espaço de forma compacta e estrutura complexa, que abarcava todas os espaços fundamentais para as relações entre os indivíduos é modificada com o processo de suburbanização, em que é transferida as funções urbanas para áreas marginais rompe com a idéia da cidade como núcleo centralizado. No entanto, mostra-se necessário entender esse processo em seu caráter simultâneo de concentração, marcada tanto por um movimento centrípeto – direção a cidade como espaço comum as trajetórias - e centrífugo – dispersão e ocupação das áreas marginais.
Individualização da estrutura social também é destacada como dimensão do processo transformador das cidades. As variações nos estilos de vida dos indivíduos, fruto também da diversidade e flexibilidade cultural, mostra que as relações de uso e apropriação desse espaço serão direcionadas pelas necessidades do cada sujeito. Em relação a idéia de urbanidade, que deveria estar presente nas relações entre a cidades e os que com ela se relacionam, depara-se um três noções sobre o conceito, que buscam de alguma forma mostrar uma leitura atualizada sobre essa nova forma de interação com o espaço urbano na qual a cidade está inserida
URBANIDADE como:
Como algo produzível, enquanto esstratégia estética hegemônica
Pluralização das representações da individualidade através dos estilos de vida
Cultura de aceitação da diversidade e de integração de interesses opostos
Ainda sobre o processo de metropolização, é possível perceber a tendência da privatização e individualização dos eventos públicos no ambiente central ambiente central. Ocorrendo o que o autor chama de midialização da cultura. Cada indiviíduo
Passa a mostra uma espécie e percepção e apropriação daquele espaço. No entanto, é necessário entender que midializar não deve se constituir como uma prática de estrutura unidirecional, mas como espaço de interatividade como o espectador, de forma a transformá-lo em um produto público cultural, possibilitando o aproveitamento produtivo dos processos de midialização global, na cultural local.
A noção de “cidades-evento” de Prigge é retomada por Otília Arantes, a qual associa o termo às “cidades ocasionais”, citada por outro autor, Francesco Indovina. Otília atenta para o fato de que o ato de “fazer cidade” passou a ser concebido sob a perspectiva do lucro, diante de ocasiões que possam gerar negócios.
Em crítica a esse pensamento comum do urbanismo atual, e apropriando-se de referências teóricas de autores como Peter Hall e Molotch, ela atenta para o fato de que hoje, ao invés de se usar o planejamento urbano para corrigir os problemas das cidades, o mesmo está sendo exercido como um ato empreendedor. “O planejador foi se confundindo cada vez mais com o seu tradicional adversário, o empreendedor(...)” (p.81).
Originou-se uma grande obsessão pelo crescimento, em que autoridades visam colocar sua cidade em nível de competitividade global. Esquecendo-se do planejamento social e das necessidades reais da população da região, privilegiam o destaque internacional da cidade, para que ela seja constantemente procurada para novos investimentos.
Exemplos de tal situação não faltam. Na própria capital mineira tivemos há pouco a reforma do estádio Mineirão, para receber o jogo do Brasil contra a Argentina, em que foi utilizada grande quantidade de verbas, que poderia ser usada para corrigir problemas sociais mais graves. No Rio de Janeiro, o dispêndio com o Pan também foi assustador. Principalmente pelo fato de que os estádios sequer estão sendo utilizados, hoje, pela população.
Segundo a autora, para que essa máquina de crescimento seja colocada em prática, é necessário que exista um consenso entre a população. Para isso, criam-se “orgulhos cívicos” e “patriotismos de massa”, gerando uma falsa ilusão de que o negócio será benéfico para todas as partes. Falsa, pois, na maioria das vezes, quem acaba usufruindo desses benefícios é a menor parcela da população, ou seja, aqueles que já possuem condições para tanto. Mais um motivo de segregação e separação, principalmente em cidades de países como o Brasil, em que as diferenças sociais são gritantes.
Estamos vivendo em um período em que a cidade passou a ser gerida “não só like business, mas, antes, for business(...)” (p.66). Resta a pergunta: QUEM FAZ, PORTANTO, A CIDADE?
Post referente ao seminário apresetado em sala.
Grupo: Ana Cláudia Paschoal, Paula Santos, Phellipy Jacome e Ricardo Lopes
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