Apresentado em seminário por Afonso Brazolino, Bráulio Siffert, Danilo Borges e Marco Túlio
O texto de Maia e Krapp trata, em síntese, de algumas das apropriações e dos fluxos culturais feitos por uma população originalmente marginal, e conclui que essas ressignificações contribuem com a reivindicação de uma cidadania cultural. Para chegar a essa conclusão os autores observaram algumas atividades na Favela da Candelária, depositando mais atenções para a produção a partir de redes de tecnologia (mais especificamente, a partir das lan-houses).
A idéia principal é a de que um sujeito colocado à margem da sociedade e que, portanto, tenha sido obrigado a morar em alguma favela em condições básicas precárias reivindique seu espaço não só na sua comunidade, mas também, e principalmente, na cidade como um todo, fazendo dessa cidade seu “campo” dentro do qual promove fluxos comunicacionais, apropriações e ressignificações diversas. Das várias portas e janelas que se abrem para o sujeito desconexo “dar” e “receber”, a tecnologia é a que carrega o maior potencial. Nós do grupo, porém, acreditamos que a parcela desse potencial que tem sido utilizada é mínima (em termos, principalmente, qualitativos, mas também quantitativos): um marginalizado ter orkut e o acessar quase todos os dias não garante que esteja havendo uma reivindicação de espaço, nem um consumo produtivo e ativo, ao contrário, a utilização acrítica e bestial desse tipo de ferramenta (assim como o msn e o youtube) não vai muito além de uma reprodução também acrítica e bestial de uma ideologia de classe dominante que quer, cada vez mais, unificar e universalizar falsas e inúteis necessidades e vontades.
Que qualquer um possa, a R$1,00, ter acesso à internet perto de casa é, sem dúvida, um grande avanço, e longe de nós querer contradizer isso. Mas esse avanço, em relação à totalidade dos fenômenos culturais, sociais e econômicos mais amplos, é bem tímido. E o pior é que causa, em muitos jovens da periferia, por exemplo, uma ilusão de inclusão, de igualdade, de distribuição equânime de oportunidades e de perspectivas futuras em relação aos jovens da classe média que também utilizam a internet com os mesmos fins triviais.
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