quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"Fotógrafos viajantes, Mediação e Experiência"- Daniela Palmas

A fotografia, desde seus inícios, liga-se à idéia de mobilidade, de aproximação de distâncias. Prática de viajantes, é espaço privilegiado do confronto de culturas.

O artigo propõe a discussão do fazer fotográfico em torno de três tipos básicos deslocados: o turista, o correspondente e o exilado. As questões principais são:
- produzir fotografias é um ato passível de ser traduzido em experiência?
- é possível ao produtor de imagens experimentar o mundo através do visor de uma máquina?
- o fotógrafo viajante vivencia e faz história, experimenta o contato com o Outro ou simplesmente acumula percepções?
Segundo o artigo, fotografar é participar: “o ato de fotografar transfigura-se em acontecimento pois interfere em nosso sentido de localização, a presença da camera fotográfica nos faz perceber o tempo como um desfile de acontecimentos, dos quais estamos aptos a selecionar os que valem a pena serem fotografados(…) olhar através do visor jamais carrega a mesma passividade que um olhar direto, sem mediação tecnológica, pode ter”.

O turista


A fotografia como elemento definidor do olhar do turista.
“Uma vista de um cartão postal oferece um enquadramento prévio do local a ser visitado, sua função é direcionar os olhares dos turistas a uma certa experiência estética”.
Porém a realidade do local visitado muitas vezes não é “aceita” pela grande maioria dos turistas; diante das maravilhas da terra, as pessoas preferem que a câmera tenha a experiência por elas, também para possuirem um troféu para mostrarem para os amigos quando voltarem para casa.

O correspondente


Segundo o fotógrafo Christian Simonpietri, ao presenciar atrocidades, os correspondentes se refugiam por trás da câmera, “que nessas horas difíceis vira uma espécie de escudo. A gente desliga da vida, fica escondido e só vê com um olho, o outro fica fechado.”
Nessa relação, há porém uma experiência, já que o correspondente torna-se um espectador “privilegiado”, que nos transmite uma experiência que não poderia ser comprovada por nós. Os correspondentes sofrem entretanto duras críticas, sendo acusados de não intervir em situações terríveis; eles porém rebatem com o argumento: “quem registra não pode intervir”. Esse argumento pressupõe uma objetividade da fotografia do correspondente, esquecendo-se talvez que a realidade sempre se transforma com a presença de um registrador, havendo aí uma grande tensão entre o documental e o ficcional, o que é “encenado” para as câmeras e o que espelha a realidade como ela é.

O exilado


Palmas utiliza o exemplo de Hans Gunter Flieg (que veio para São Paulo em 1939), cujas fotografias agregam a modernidade e a antiguidade, passado e presente em harmonia dinâmica. Flieg congraça tempos: os edifícios históricos, são apresentados como componentes urbanos que fazem parted a dinâmica da cidade: “o agora da modernidade ganha relevo histórico”.
O exilado, como “ser descontínuo”, que perdeu sua historicidade do país de origem, se esvazia de sentido. Ao conseguir congregar o antes e o agora em uma experiência que não se restringe à tempos, ele começa do marco zero, se definindo novamente como ser humano histórico.

A experiência do fotógrafo pode ser então assim definida:
“olhar o Outro pela fotografia: experiência situada fora do sujeito nas práticas do turismo commercial de mass, inexperenciável nas imagens de choque do fotojornalismo e enraizante na trajetória de um fotógrafo exilado”.

Grupo:
Lene Andino
Caroline McCormack
Nathália Mendes

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