segunda-feira, 24 de novembro de 2008

de passagem.



(ou uma pequena experiência estética sobre a presença/ausência no centro de Belo Horizonte)

Primiero, o recorte: registrar o movimento dos corpos naquele que é um espaço de passagem por excelência (não entremos aqui nas exceções, pois elas existem e merecem um estudo à parte).

Segundo, o registro: a fotografia analógica, registro indicial por natureza. me pareceu natural a escolha de um processo físico-químico para o registro da presença de corpos (matéria) no espaço.

A partir daí, surge o problema: como captar em uma imagem estática a relação de presença/ausência dos sujeitos que utilizam o centro como um lugar de passagem, preocupados com suas bolsas e mochilas, apressados para chegarem em seus destinos e incomodados pela presença desse objeto de plástico engraçado e com aparência terrivelmente ultrapassada que é essa câmera analógica escolhida (e é impressionante quantos desvios são causados por essa caixa de plástico inofensiva)?

Pois foi no "defeito" desse brinquedo que encontrei a solução para o problema gerado por minhas escolhas.
A possibilidade de múltiplas exposições permite o registro da presença não apenas no espaço, mas também no tempo. Um mesmo frame pode conter então a presença e a ausência do sujeito (se tornariam os sujeitos fantasmas?) que caminha anônimo pelo centro, levando consigo suas histórias e seus problemas sem olhar para trás.

Para ver as fotos numa resolução melhor que a permitida pelo blogger, por favor acesse meu amigo flickr.
Espero que as imagens consigam transmitir melhor a minha experiência.

Nathalia Mendes

Nenhum comentário: