Vida na Metrópole: Comunicação Visual e Intervenções Juvenis em São Paulo
Assim como foi discutido durante as aulas, o texto traz a reflexão da cidade como um espaço de experienciação, não somente como um espaço físico, que existe fluxo de indivíduos e produtos. As autoras refletem sobre a dinâmica desse espaço, as intervenção que os indivíduos performam ali e as ordens imaginárias que surgem desse cenário.
No caso específico desse texto, é evidenciada a prática de intervenção no espaço público realizadas por jovens que se apropriam dele e o reterritorializam. Jovens que visam ganhar visibilidade por meio de intervenções nas ruas, e que impulsionados pelas tecnologias de produção multimídia conseguem divulgar suas ações pela Internet, podendo assim serem visto não somente em uma instância local, por aqueles que passam pela cidade, mas por indivíduos de todo o mundo.
Outra relação importante descrita no texto é a da influência dessa cultura que emerge clandestina, mas que ganha reconhecimento pelos meios massivos, pelos grandes produtores e disseminadores de tendências, que por sua vez se apropriam dessas novas linguagens de rua e as incorporam como um produto da industria cultural.
É dada também grande importância à comunicação realizada por meio de pôsteres. Essa forma de expressão passa a constituir parte significativa da paisagem urbana por volta da década de 60. Circulando pela cidade pode-se perceber o tempo todo um mosaico de cores formado pelos mais diversos cartazes. Esse suporte comunica apelos estéticos, comerciais, políticos, entre outros. É mencionado com protestos estudantis se apropriaram de técnicas de impressão e começaram a produzir seus cartazes com base em seu engajamento político. Daí surge o faça-você-mesmo, que não somente propõe a liberdade de expressão, mas a contesta valores sociais convencionais. Essa atitude passa a ser denominada undergroud. Como eram produzidos periódicos, revistas com impressão de má qualidade, acabou se formando um estilo próprio desses movimentos, caracterizado por uma estética do ruído. Assim, nos anos 1970 o estilo punk nasce em Londres intimamente ligado a esses movimentos e leva-os as últimas conseqüências.
Outro aspecto salientado pelas autoras é a dificuldade de se criar um instrumento metodológico que seja eficiente para analisar essas manifestações juvenis que emergem nas ruas. A complexidade dos centros urbanos e a diversidade de apropriações realizadas ali formam um panorama difícil de ser investigado com rigor metodológico.
Por fim, as autores visam suscitar questões a respeito dos jovens no que tange as visões de mundo, o imaginário, a forma com que ocupam as cidade, as referências gráficas, linguagens e técnicas utilizadas por eles, os suportes que utilizam e como se dá a apropriação que fazem dos espaços públicos e privados.
Válquiria, Daniel e Caio Couto.
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