quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Comentário do texto “A cultura extraviada nas suas definições” de Nestor García Canclini

O texto começa dizendo sobre as inúmeras definições já tecidas a respeito do conceito de cultura. Diz da importância de se investigar como se chegou a um consenso em torno de uma definição em condições multiculturais em que este termo é empregado. Porém, a pluralidade de culturas contribui para uma diversidade de paradigmas científicos, sendo difícil instituir um paradigma com maior capacidade explicativa.

A partir dessa reflexão, indaga-se sobre quais são os principais significados atribuídos ao termo cultura utilizados nos dias atuais. Dentre elas, há aquela noção de cultura como um acúmulo de conhecimento e aptidões intelectuais e estéticas, uma elitização do termo. Há também uma noção científica da cultura, que visa estabelecer um sistema teórico determinado com o intuito de evitar conotações erradas da linguagem comum. Nessa corrente, pensa-se a cultura como aquilo criado pelo homem em contraposição com o “natural” que existe no mundo. Questiona-se também se cultura assim definida não se aproximaria de um sinônimo do conceito de formação social, em que a cultura é a forma que adota uma sociedade unificada pelos valores dominantes.

Tal maneira de se pensar cultura serviu para superar as formas primárias do etnocentrismo. Daí vem o relativismo cultural. Assim, sem hierarquia, as culturas se tornam incompatíveis e incomensuráveis.

Mas tarde são distinguidos tipos diferentes de valor na sociedade econômica: valor de signo e valor simbólico. Sendo o primeiro relacionado a um status adquirido por exemplo a uma geladeira que possui um design sofisticado em relação a uma geladeira comum. O segundo se relaciona a rituais ou atos particulares que ocorrem dentro de uma sociedade e relações de afeto atribuídos a objetos. Assim, fala-se também de valor de uso e valor de troca. Sendo o primeiro relacionado a aspectos subjetivos, ao valor simbólico, e o segundo mais ligado ao valor de signo, ao preço de determinado produto.

Me parece interessante a linha de pensamento que vê a cultura como “uma instância de conformação do consenso e da hegemonia, ou seja, de configuração da cultura política e também da legitimidade(...) Os recursos simbólicos e seus diversos modos de organização têm a ver com os modos de auto-representar-se e de representar os outros nas relações de diferença e desigualdade, ou seja, nomeando ou desconhecendo, valorizando ou desqualificando.”

Por fim, ao estudarmos culturas e no cenário urbano, buscamos entender os processos através dos quais grupos representam e intuem imaginariamente o social, estabelecem e organizam relação com outro, ordenam suas diferenças mediante o funcionamento da sociedade.

Caio Couto Pereira

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